História para Boi dormir
Era uma vez, em um vilarejo escondido nas profundezas da floresta amazônica, um lugar onde o real e o fantástico se entrelaçavam como cipós em uma árvore centenária. Lá, vivia um jovem, conhecido por todos como “Boi”. Ele era um vaqueiro habilidoso, capaz de se comunicar com os animais de uma maneira que ninguém mais conseguia.
Certa noite, enquanto descansava à sombra de uma imensa sumaúma, ele ouviu um som estranho vindo da floresta. Era um mugido profundo, mas não parecia de nenhum boi que ele conhecia. Curioso e sem medo, seguiu o som até uma clareira iluminada pelo luar.
No centro da clareira, um boi enorme de olhos brilhantes como estrelas estava parado. Este não era um boi comum; seu pelo era tão branco quanto a neve, e em sua testa havia uma marca em forma de lua crescente. Ao ve-lo, o boi falou com uma voz que ecoava como o vento nas folhas: “Preciso de sua ajuda. Meu nome é Estrela, e fui enviado pelo espírito da floresta para salvar nosso mundo.”
Surpreso, mas confiante, concordou em ajudar. Estrela explicou que um poderoso feiticeiro, estava roubando a energia vital da floresta para aumentar seu próprio poder. A cada dia que passava, as árvores murchavam, os rios secavam e os animais desapareciam.
Ele e Estrela partiram juntos, atravessando vales e montanhas, enfrentando criaturas mágicas e perigosas. No caminho, encontraram aliados inesperados: uma arara colorida que falava em versos, um jaguar que podia se transformar em fumaça, e uma sereia de rio que cantava canções de encantamento.
Chegaram finalmente ao covil do feiticeiro, uma caverna escondida nas profundezas da floresta. Com coragem e astúcia, Ele e seus amigos enfrentaram o feiticeiro em uma batalha épica. Estrela, usando seu poder lunar, conseguiu enfraquecer o feiticeiro, enquanto ele, com um laço mágico feito de cipós encantados, aprisionou o feiticeiro para sempre.
Com o feiticeiro derrotado, a energia vital da floresta foi restaurada. As árvores floresceram novamente, os rios voltaram a correr e os animais retornaram aos seus lares. Estrela, agora livre para retornar aos céus, agradeceu e desapareceu em um brilho de luz prateada.
Voltou ao vilarejo, onde foi recebido como um herói. A partir daquele dia, ele passou a ser conhecido como “Guardião da Floresta”, e suas aventuras se tornaram lendas contadas de geração em geração.
Assim, sob a luz das estrelas e ao som dos contos dele, os bois dormiam tranquilos, sabendo que a floresta estava protegida por um guardião corajoso e seus amigos mágicos.
Com o tempo, continuou a proteger a floresta e seu vilarejo, mas a magia daquele encontro com Estrela nunca desapareceu de seu coração. As pessoas vinham de longe para ouvir suas histórias, e ele contava com orgulho sobre suas aventuras com o boi celestial e seus companheiros mágicos. No entanto, sabia que a floresta guardava muitos outros segredos, e que sua missão estava longe de terminar.
Uma noite, enquanto observava as estrelas ao lado de sua cabana, sentiu uma presença familiar. Olhando para cima, viu uma figura etérea flutuando sob a luz da lua. Era a arara colorida que falava em versos. Ela pousou delicadamente em seu ombro e sussurrou:
“Guardião, valente, uma nova ameaça desponta no horizonte. A antiga deusa, mãe das águas, está em perigo. Seu santuário sagrado foi profanado por aqueles que não respeitam a natureza. Ela precisa de você.”
Sem hesitar, reuniu seus pertences e partiu em uma nova jornada. A arara guiou-o através da densa floresta até o coração do domínio da deusa, um lugar onde as águas eram cristalinas e a vegetação exuberante. No entanto, ao chegar, encontrou o santuário devastado e as águas turvas.
De repente, das profundezas do rio, emergiu a deusa, uma figura de beleza deslumbrante e tristeza profunda. “Mu guardião,” disse ela com uma voz suave como o murmúrio das águas, “forças sombrias roubaram meu poder e ameaçam destruir tudo que é puro. Preciso que encontre o Cristal das Águas, um artefato antigo que pode restaurar meu poder e a harmonia do rio.”
Guiado por ela, navegou pelos rios e enfrentou novos desafios: tempestades conjuradas por espíritos malignos, peixes gigantescos que guardavam segredos profundos, e pântanos repletos de criaturas enganosas. Em cada passo da jornada, contava com a ajuda de velhos e novos amigos. A arara colorida sempre o acompanhava, recitando poemas que iluminavam seu caminho.
No ponto mais profundo da floresta, encontrou o Cristal das Águas guardado por uma imensa serpente de escamas douradas. Usando sua coragem e sabedoria, conseguiu ganhar a confiança da serpente, que lhe entregou o cristal com a promessa de proteger a floresta para sempre.
Com o cristal em mãos, retornou ao santuário. Ao mergulhar o artefato nas águas, uma luz brilhante iluminou toda a região. As águas se purificaram, a vegetação floresceu e ela recuperou seu poder. Agradeceu a ele e concedeu-lhe um novo título: “Guardião das Águas”.
Voltou ao seu vilarejo, onde foi recebido com celebrações e cânticos. As histórias de suas façanhas se espalharam ainda mais, e ele se tornou uma lenda viva. A floresta, agora protegida por forças benevolentes, prosperava em paz e harmonia.
Assim, sob a proteção dele, o Guardião das Águas e da Floresta, os bois e todas as criaturas da floresta dormiam tranquilos, sabendo que seu lar estava seguro e que seu guardião estava sempre alerta, pronto para enfrentar qualquer nova ameaça com coragem e sabedoria.
Renato Pittas:
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