Sendo assim,
À meia-noite, a cidade se erguia como um gigante de concreto, suas ruas desertas ecoando o silêncio de uma multidão adormecida. Os relógios marcavam a hora de um novo dia, mas para ele, a noite ainda era jovem. Caminhando sem destino, percorria as ruas como um espectro, invisível aos olhos da ordem estabelecida.
O tempo, aquele tirano implacável, sussurrava em seus ouvidos, lembrando-o de sua passagem constante. Mas, em sua rebeldia anárquica, recusava-se a ser prisioneiro do cronômetro. Para ele, cada segundo era uma oportunidade de desafiar o status quo, de viver intensamente fora dos limites impostos pela sociedade.
Era um homem sem amarras, navegando pelos mares do desconhecido. Suas ideias eram como tempestades em um oceano infinito, caóticas e imprevisíveis. Sse perdia em pensamentos sobre a existência, questionando a realidade e explorando o nada que preenchia o vazio do ser.
Mas havia momentos em que a claridade surgia em meio ao caos. Eleutério, então, compreendia tudo em um instante de epifania. Sua mente expandia-se, abarcando o universo em um sopro de compreensão. Era quando ele sentia a verdadeira liberdade, a capacidade de ser tudo e nada ao mesmo tempo.
A mente de dele o era um terreno fértil para as fantasias mais extravagantes. Se via como um herói de epopeias, desbravando mundos desconhecidos e enfrentando monstros imaginários. Em sua imaginação, a anarquia reinava soberana, sem leis ou autoridades para restringir a criatividade.
Essas fantasias, no entanto, eram muitas vezes entremeadas com a realidade crua e patética da existência. Era um sonhador em um mundo de pragmatismo, um idealista em uma sociedade de conformistas. Mas encontrava beleza na tragédia de sua luta, uma poesia melancólica que alimentava sua alma.
As noites sem sono eram sua companhia constante. Caminhava pelas madrugadas, inquieto e ansioso, buscando um sentido para seu mal-estar existencial. A cidade, então, parecia compartilhar de sua insônia, suas luzes piscando como olhos vigilantes no escuro.
Quando finalmente o sol despontava no horizonte, colocava seus óculos escuros. Era um escudo contra a claridade incômoda do dia, uma forma de manter sua conexão com a escuridão da noite. Atrás das lentes escuras, ele escondia seus olhos cansados, mas também preservava sua visão de um mundo diferente.
E assim, caminhava em direção ao futuro. Um futuro que ele sabia ser incerto, mas que ele estava determinado a moldar com suas próprias mãos. Em seu coração anárquico, ele carregava a esperança de um amanhã brilhante, onde a liberdade não seria apenas um sonho, mas uma realidade palpável.
Seguia seu caminho, contra o tempo, um sonhador em um mundo de realidades. E enquanto avançava, as sombras da noite recuavam, dando lugar a uma nova aurora de possibilidades infinitas.
Renato Pittas :
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