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Guardian of the Furs

Guardian of the Furs

Você, acha que a vida.
é um bando de feridas,
que devem ser evitadas?
Acho que a vida.
é um montão de peles,
que devem ser machucadas.
Uma régua de seno, por favor!

Em uma cidade futurista, onde as ruas eram pavimentadas com uma substância bioluminescente e os edifícios flutuavam como navios nos céus, vivia uma sociedade que acreditava no poder das peles. As peles, coletadas de criaturas místicas que habitavam os arredores, tinham propriedades únicas que podiam curar, proteger ou até mesmo conferir habilidades especiais.
Nesta cidade, morava, uma jovem que tinha a habilidade rara de sentir a história e a dor de cada pele que tocava. Desde criança, ela foi treinada como Guardiã das Peles, uma responsabilidade que poucos tinham o privilégio de carregar.
Passava seus dias no Templo das Peles, um lugar onde as peles eram cuidadas e reverenciadas. Acreditava-se que cada cicatriz, cada marca, contava uma história e carregava uma lição para aqueles que estavam dispostos a ouvir. Seu mentor, o ancião, sempre dizia: “A vida é um montão de peles, que devem ser machucadas para que possamos aprender e crescer.”

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Um dia, uma pele diferente de todas as outras chegou ao templo. Era a pele de um Sinocórnio, uma criatura lendária que dizia-se ter vivido centenas de anos e passado por inúmeras batalhas. Ao tocar a pele, Liana foi transportada para uma visão de um mundo devastado, cheio de feridas e cicatrizes.
Na visão, ela encontrou o Sinocórnio, uma majestosa criatura com chifres dourados e olhos que refletiam o universo. Ele a olhou e disse: “Você acha que a vida é um bando de feridas que devem ser evitadas? Não, a vida é um montão de peles, e é nas cicatrizes que encontramos nossa verdadeira força.”

Despertou da visão com uma nova compreensão. As peles e suas marcas eram um símbolo da resiliência, da capacidade de superar a dor e se transformar. Com essa nova perspectiva, ela começou a tratar as peles no templo com ainda mais reverência, entendendo que cada machucado era uma lição e cada cicatriz, um troféu de sobrevivência.
Assim, se tornou uma líder entre os Guardiões das Peles, conhecida por sua profunda sabedoria e habilidade de transformar dor em força. E o Templo das Peles, com suas histórias e cicatrizes, continuou a ser um farol de esperança e aprendizado para a cidade flutuante.

Os dias se transformaram em semanas, e as semanas em meses. Durante esse tempo, se aprofundou cada vez mais nos mistérios das peles, descobrindo novos segredos e curas. Desenvolveu técnicas que combinavam as propriedades místicas das peles com a tecnologia avançada da cidade, criando curas que antes eram inimagináveis.

Uma noite, enquanto trabalhava sozinha no Templo das Peles, foi interrompida por um visitante inesperado. Era um homem velho e encurvado, com olhos que brilhavam com uma sabedoria ancestral. Ele se apresentou como, um antigo Guardião das Peles que havia desaparecido há muitos anos.

Contou a ela sobre uma profecia que dizia que a pele do Sinocórnio, a mesma que ela havia tocado, era a chave para um grande segredo que poderia mudar o destino da humanidade. Explicou que a cidade flutuante estava em perigo, ameaçada por forças invisíveis que se alimentavam das dores e medos das pessoas.
Para salvar a cidade, ela precisaria usar a pele do Sinocórnio para acessar uma dimensão oculta, onde encontraria respostas e aliados. A jornada seria perigosa, cheia de desafios que testariam sua coragem e determinação.

Sem hesitar, aceitou a missão. Com a pele do Sinocórnio envolvida em torno de seus ombros, ela seguiu o sábio até um antigo portal escondido nas profundezas do Templo das Peles. Ao atravessar o portal, ela foi envolvida por uma luz brilhante e se viu em um mundo completamente diferente.

Este novo mundo era uma terra de sonhos e pesadelos, onde as leis da física eram fluidas e a realidade estava em constante mutação. Percebeu que cada passo que dava criava ondulações na realidade, como se ela estivesse caminhando sobre a superfície de um lago.
Guiada pelas memórias e pela sabedoria contida na pele do Sinocórnio, encontrou uma série de desafios, cada um mais difícil que o anterior. Ela enfrentou criaturas feitas de sombra e luz, navegou por rios de emoções cristalizadas e superou labirintos de pensamentos caóticos.
Em cada desafio, usou as lições que aprendeu como Guardiã das Peles. Ela compreendeu que as cicatrizes que carregava, tanto físicas quanto emocionais, eram fontes de força e resiliência. Com essa nova compreensão, ela conseguiu superar os obstáculos e avançar em sua jornada.

Finalmente, chegou ao coração da dimensão oculta, onde encontrou uma entidade de luz pura. A entidade revelou-se como a essência do Sinocórnio, uma manifestação da sabedoria e do poder acumulados ao longo de séculos. Ela explicou que o verdadeiro propósito das peles não era apenas curar, mas também ensinar e transformar.
Com essa revelação, entendeu que o segredo para salvar a cidade flutuante estava em compartilhar essa sabedoria com seu povo. Ela retornou através do portal, trazendo consigo a essência do Sinocórnio e um novo entendimento sobre a natureza da dor e da cura.
De volta à cidade, compartilhou suas descobertas com os outros Guardiões das Peles e com a população. Juntos, eles usaram o poder das peles para transformar a cidade, curando feridas antigas e fortalecendo os laços comunitários. A cidade flutuante tornou-se um farol de esperança e renovação, um lugar onde as cicatrizes eram celebradas como sinais de crescimento e superação.

Continuou seu trabalho como Guardiã das Peles, agora com uma visão mais profunda e uma missão renovada. E assim, a régua de seno, que media a harmonia das ondas e da vida, mostrou que as cicatrizes, ao invés de serem evitadas, eram parte essencial do tecido da existência, lembrando a todos que a verdadeira força vem da capacidade de transformar a dor em sabedoria.

Os anos passaram, e ela se tornou uma figura histórica na cidade flutuante. Sob sua liderança, o Templo das Peles evoluiu, tornando-se não apenas um lugar de cura, mas também um centro de aprendizado e crescimento espiritual. As lições contidas nas peles místicas foram compartilhadas com todos, e a cidade prosperou como nunca antes.
A sabedoria do Sinocórnio, agora entrelaçada na própria essência da cidade, ensinou a todos a valorizar suas cicatrizes e a buscar a transformação através da adversidade. As peles se tornaram símbolos de força coletiva, e as histórias de superação de cada habitante se mesclaram em uma tapeçaria de resiliência e esperança.

Mesmo com a passagem dos anos, continuou dedicada ao seu trabalho. Treinou uma nova geração de Guardiões das Peles, passando adiante todo o conhecimento e as técnicas que havia desenvolvido. Entre seus aprendizes, estava uma jovem, que demonstrava um talento excepcional para sentir e entender as peles.

Ela, com a orientação da guardiâ, iniciou uma nova era de descobertas, explorando ainda mais os segredos ocultos nas peles. Ela desenvolveu maneiras inovadoras de utilizar as propriedades místicas, criando avanços que beneficiaram toda a cidade. A guardiâ, orgulhosa de sua aprendiz, viu seu legado crescer e se expandir de formas que ela nunca imaginara.

No crepúsculo de sua vida, sentiu que sua missão estava completa. Sabia que a cidade estava em boas mãos e que o futuro seria brilhante. Em seu último dia no Templo das Peles, cercada por seus aprendizes e pelas peles que tanto amava, Fechou os olhos e sentiu uma profunda paz. A essência do Sinocórnio, sempre presente, parecia abraçá-la, sussurrando palavras de gratidão e honra.

Após sua partida, o Templo das Peles foi renomeado em sua homenagem, e uma estátua dela foi erguida na entrada, segurando uma pele de Sinocórnio, simbolizando a união entre dor e sabedoria, cura e transformação.

A cidade flutuante continuou a prosperar, guiada pelos ensinamentos da guardiã e pelas histórias gravadas nas peles místicas. A régua de seno, que media a harmonia das ondas e da vida, mostrou que as cicatrizes, ao invés de serem evitadas, eram parte essencial do tecido da existência. E a vida, com todas as suas feridas e peles, era celebrada como uma jornada de crescimento e descoberta, onde cada cicatriz contava uma história de força e resiliência.

Renato Pittas   

Contato:[email protected]

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