Bixos escrotos
No coração de uma floresta iluminada pelos raios dourados do sol, morava um bixão chamado Bico. Ele era conhecido por sua curiosidade e inteligência, mas, até aquele momento, nunca havia se aventurado além dos limites de seu ninho. Naquele dia, algo mudou. Bico decidiu explorar o mundo além das árvores familiares que o cercavam.
Ao caminhar pela floresta, Bico notou um coelho correndo rapidamente entre os arbustos. Fascinado pela agilidade do animal, ele pensou: “Se eu puder correr como aquele coelho, serei invencível!”. Decidido, Bico começou a treinar. Mas ele não era apenas um bixão qualquer; ele sabia que para ser um bom corredor, precisaria aprender com a história do coelho que corria sem parar. Lembrando-se de que a precaução é a mãe da sabedoria, ele tomou todo o cuidado em suas práticas.
Após muitas horas de esforço, suor e algumas quedas desajeitadas, Bico finalmente se tornou um corredor formidável. Orgulhoso de suas habilidades recém-adquiridas, ele decidiu testar sua velocidade em uma corrida pelo bosque.
Enquanto corria, sentindo o vento bater em seu rosto e o chão firme sob suas patas, Bico avistou algo incomum. Ali, ao lado de uma árvore, estava outro bixão, de nome Chiclete, sentado tranquilamente ao lado de uma fruta gigante. Intrigado, Bico desacelerou e se aproximou para ver melhor.
“Que fruta é essa?” pensou Bico, seus olhos arregalados de surpresa. Mas quando ele chegou mais perto, percebeu que a “fruta” não era uma fruta qualquer. Era Chiclete devorando uma maçã gigantesca, tão grande que parecia ter saído de um conto de fadas.
Bico, sempre pronto para uma piada, gritou: “Ajuda! A maçã vai me comer!” e saiu correndo em pânico, seus pensamentos ofuscados pelo humor da situação. Mas, na pressa e na confusão, ele acabou tropeçando em uma raiz e, num segundo, se viu caindo diretamente dentro de um buraco. O pior de tudo? Ele aterrissou bem em cima da maçã gigante!
Chiclete, que assistia a cena com um sorriso travesso, deu uma olhada no seu relógio de pulso, como se estivesse cronometrando o tempo de reação de Bico, e pensou com um brilho nos olhos: “Eles realmente ensinam isso em livros?”
Bico, agora preso na maçã e enroscado em suas próprias patas, não podia deixar de rir de si mesmo. Ele havia aprendido uma lição valiosa sobre a importância da precaução, mas também descobriu que, às vezes, a vida na floresta era cheia de surpresas inesperadas e, claro, risadas garantidas.
Enquanto Bico tentava se desembaraçar da maçã gigante, Chiclete se aproximou com calma, segurando um pedaço de maçã com um sorriso.
“Você está bem aí, Bico?” Chiclete perguntou, o tom de sua voz cheio de preocupação fingida.
Bico, com um olhar envergonhado, respondeu: “Sim, estou bem, apenas um pouco… preso. Talvez eu devesse ter sido mais cauteloso.”
Chiclete deu uma risadinha e se abaixou ao lado de Bico. “Sabe, Bico, quando se está com fome, pode-se acabar em situações estranhas. Mas a vida também é sobre se divertir um pouco e não se levar muito a sério.”
Bico tentou usar suas patas para se libertar, mas a maçã parecia ter um gosto irresistível de comédia. Chiclete o ajudou a sair do buraco e, juntos, eles decidiram compartilhar a maçã gigante. Enquanto Bico se acomodava ao lado de Chiclete, eles começaram a conversar sobre suas aventuras e aprendizados.
“Eu aprendi que correr rápido não é tudo o que se precisa na vida,” disse Bico, com um sorriso aliviado. “Às vezes, é preciso saber quando desacelerar e aproveitar o momento.”
Chiclete assentiu. “E eu aprendi que até mesmo as maçãs gigantes têm seus próprios segredos. Nunca se sabe quando algo inusitado vai acontecer.”
Com o sol se pondo e lançando uma luz dourada sobre a floresta, Bico e Chiclete se acomodaram para uma refeição inesperada e divertida. Entre mordidas na maçã e risadas sobre o incidente, Bico percebeu que, embora a precaução fosse importante, a capacidade de rir de si mesmo e aproveitar a vida era igualmente essencial.
Enquanto a noite caía e as estrelas começavam a brilhar no céu, os dois bixões decidiram que sua amizade havia se fortalecido naquele dia, não apenas pela corrida e pela maçã gigante, mas também pela compreensão de que a vida, apesar de suas surpresas e desafios, era melhor vivida com um toque de humor e leveza.
E assim, na floresta ensolarada, com as cores do entardecer ainda tingindo o céu, Bico e Chiclete se despediram, cada um levando consigo uma nova lição e um sorriso no rosto, prontos para suas próximas aventuras e encontros inesperados.
Com o céu agora mergulhado em tons de azul e púrpura, Bico e Chiclete se levantaram, sacudindo as últimas migalhas de maçã gigante de suas pelagens. Eles se abraçaram, prometendo novas aventuras e mais momentos de risada no futuro.
“Não importa o quão rápido você possa correr, nunca se esqueça de olhar ao redor e apreciar o que a vida tem a oferecer,” Chiclete disse com um sorriso sincero.
Bico concordou, olhando para a floresta que agora parecia mais acolhedora e menos intimidante. “E sempre esteja preparado para as surpresas que ela traz, mesmo que às vezes isso signifique ficar preso em uma maçã gigante.”
Os dois bixões se despediram e seguiram seus caminhos pela floresta, suas sombras alongando-se sob a luz da lua crescente. Bico voltou para seu ninho, refletindo sobre a importância de equilibrar precaução e diversão, enquanto Chiclete continuou explorando, satisfeito com a maçã e a nova amizade.
A floresta, com suas árvores balançando suavemente na brisa noturna, parecia sussurrar histórias de aventura e sabedoria, prometendo mais encontros inusitados e lições a serem aprendidas. E assim, na magia da floresta, onde o real e o fantástico se entrelaçavam, as histórias de Bico e Chiclete se tornaram uma parte do folclore local, lembradas e contadas com um sorriso por todos que cruzavam seus caminhos.
Renato Pittas
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