A Cidade da Névoa e a Menina de Vidro
A cidade pulsava em um labirinto de arranha-céus que se perdiam nas nuvens artificiais. As ruas eram rios de gente, cada um com seus sonhos e pesadelos, afogados na névoa que envolvia a metrópole. Em um desses corredores urbanos, vivia uma menina peculiar. Sua pele era translúcida como cristal, e seus olhos, dois profundos poços de um azul intenso, pareciam conter os mistérios do universo.
Era diferente. Enquanto as outras crianças se divertiam com jogos de realidade virtual, ela preferia se perder nas páginas de livros antigos, histórias que falavam de um mundo pré-névoa, um tempo em que o céu era azul e as árvores tocavam o solo com seus ramos verdes.
Um dia, enquanto folheava um livro sobre mitologia, Tropeçou em uma antiga profecia. Falava de uma cidade perdida, escondida em uma névoa eterna, onde um ser de luz e vidro salvaria a humanidade. Sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Seria ela a escolhida?
Intrigada, começou a investigar a profecia. Desvendou mapas antigos, decifrou códigos obscuros e consultou sábios da cidade. A cada descoberta, mais profunda se tornava sua convicção de que seu destino estava ligado àquela cidade perdida.
Uma noite, sob a luz pálida da lua, decidiu seguir as pistas. Equipada com um antigo artefato que havia encontrado em uma das suas buscas, ela se adentrou nas profundezas da cidade. A névoa se tornou mais densa, os sons se amplificaram, e a sensação de estar sendo observada a perseguia a cada passo.
De repente, um portal se abriu diante dela, uma fenda luminosa que a levava a um outro mundo. Hesitou por um instante, e então, com um suspiro profundo, cruzou o portal.
Do outro lado, um cenário deslumbrante se estendia diante de seus olhos: jardins floridos, rios cristalinos e construções arquitetônicas que desafiavam qualquer compreensão. No centro da cidade, um imenso cristal emanava uma luz cegante. Se aproximou, fascinada. Era o coração da cidade perdida, e ela, a menina de vidro, era o seu destino.
Sendo assim, dizia hora, sobre, nada… Hora, sobre tudo, entre fantasias endêmicas e patéticas… Insone, manhã de mau estar, segue de óculos escuros, à um brilhante futuro.
Se aproximou lentamente do cristal, sentindo uma conexão profunda com a energia que emanava dele. Era como se uma parte dela mesma estivesse ali, esperando para ser libertada. Com um gesto suave, ela tocou a superfície do cristal, e uma onda de luz envolveu-a.
Quando a luz se dissipou, estava de pé no meio da cidade, mas algo havia mudado. Não era mais uma menina de vidro, mas uma figura luminosa, capaz de manipular a luz e a névoa. A profecia havia se cumprido.
Sabia que sua missão era salvar a cidade, mas também a humanidade. A névoa que envolvia o mundo estava se tornando cada vez mais tóxica, ameaçando a existência de todos. Ela precisava encontrar uma forma de purificar a atmosfera e trazer a luz de volta ao mundo.
Com a ajuda dos antigos guardiões da cidade, começou a trabalhar em um plano. Aprendeu a controlar a energia do cristal, a manipular a névoa e a comunicar-se com os seres elementais da natureza. Juntos, desenvolveram uma poderosa arma de luz capaz de neutralizar a toxicidade da névoa.
Quando tudo estava pronto, se elevou acima da cidade, seu corpo brilhando intensamente. Lançou a arma de luz em direção à névoa, e uma explosão de luz e energia se espalhou pelos céus. A névoa começou a se dissipar, revelando um céu azul e um mundo purificado.
Havia cumprido sua missão. Salvara a cidade e trazera a luz de volta ao mundo. Assim, a menina de vidro tornou-se a salvadora da humanidade, uma lenda que seria contada por gerações futuras.
Com a névoa dissipada, a cidade de cristal brilhava sob o sol, um farol de esperança em um mundo renascido. Porém, sentia uma estranha angústia. A missão havia sido cumprida, mas a cidade, com sua beleza e perfeição, a isolava do mundo que ela havia jurado proteger.
A decisão era difícil. Poderia permanecer na cidade de cristal, imortal e observadora, ou retornar ao mundo que a necessitava, onde a mudança era constante e a luta pela sobrevivência era diária.
Escolheu o mundo.
Com um coração pesado, ela se despediu dos guardiões da cidade e se despediu do cristal que a havia transformado. Ao cruzar o portal, sentiu a familiaridade da névoa, agora rarefeita e inofensiva.
Ao retornar à sua antiga vida, se tornou um símbolo de esperança. Compartilhou seu conhecimento com a humanidade, guiando-a para um futuro mais brilhante e sustentável. A menina de vidro, a salvadora, havia se tornado a guia, mostrando o caminho para um mundo onde a luz e a névoa coexistiriam em harmonia.
E assim, a história se tornou uma lenda, um lembrete de que mesmo em um mundo obscuro, a luz sempre encontra um caminho.
Renato Pittas
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