Hangar 110, tradicional casa de shows em São Paulo, completa 27 anos

Hangar 110, tradicional casa underground de São Paulo, completa 27 anos

Hangar 110, tradicional casa de shows em São Paulo, completa 27 anos
Hangar 110, tradicional casa de shows em São Paulo, completa 27 anos (Foto: Reprodução)

O Hangar 110, tradicional casa underground de São Paulo, completa 27 anos de existência e resistência neste 17 de outubro de 2025. A casa, fundada no bairro do Bom Retiro em 1998, estreou com um show do então emergente CPM 22 e ainda hoje é palco de de atrações nacionais e internacionais.

Badauí (CPM 22), Rodrigo Lima (Dead Fish), Gabriel Zander (Zander) e Koala (Hateen e Street Bulldogs) dão relatos sobre a importância da resistência do Hangar 110 na cena musical de São Paulo (veja abaixo).

Criada em uma época em que o rock nacional não estava em evidência e outros estilos musicais tocavam em todas as rádios, o Hangar 110 surgiu com a proposta de apresentar somente bandas autorais nesse segmento.

O Hangar 100 foi inclusive locação de gravação de diversos DVDs de bandas como CPM 22, Dead Fish, Matanza e Hateen. Não à toa, a casa era apelidada por jornalistas musicais e frequentadores como o CBGB brasileiro, em alusão à emblemática casa nova-iorquina que encerrou as atividades em 2006.

"Não houve a pretensão de se tornar uma das casas mais importantes do underground nacional, mas o tempo foi forjando e moldando. E já são 27 anos de muitos shows, muitas bandas e muitas histórias. Vida longa ao Hangar 110", comenta o proprietário, Alemão.

Acompanhe a agenda e novidades do Hangar 110: www.instagram.com/hangar110.

Badauí: o começo da história

O vocalista do CPM 22, Badauí, teve a honra de ser um dos primeiros a pisar no palco do Hangar 110. "A gente sabia que essa casa viria para fazer a diferença e fazer história para bandas da nossa geração. Depois de tantos anos, a casa continua relevante, referência no país, com bandas do Brasil inteiro e do exterior querendo tocar lá", afirma Badauí.

Badauí ainda afirma que o Hangar 110 foi fator determinante para o sucesso de muitas bandas. "Dali saíram bandas que ainda fazem muitos shows, que é o caso do CPM 22, Dead Fish, NX Zero, Fresno, Gloria e tantas outras. É uma satisfação enorme e um motivo de orgulho ter ajudado a construir esse legado tão importante para a música brasileira".

Rodrigo Lima: o Hangar 110 do Bom Retiro

Outro que pisou muitas vezes e ainda pisa no palco do Hangar 110 é Rodrigo Lima, vocalista do Dead Fish, que afirma sentir "amor incondicional" pela casa.

"Tem uma história construída lá, né? Fico muito feliz que isso não tenha parado, não tenha virado uma coisa conservadora. A gente percebe que tem sempre banda nova, que tem sempre gente nova testando, tem gente que nunca foi, que quer ir".

Rodrigo também destaca a fama além-mar do Hangar 110. "Ouvi gente falando de Hangar 110 em Madri, e não eram brasileiros. Porque existem vários Hangares 110 mundo afora, mas só existe um Hangar 110, que quando você chega, te dá bom dia e te oferece um sanduíche de soja e um suco. E esse é só o Hangar 110 do Bom Retiro, em São Paulo, que mudou pra caramba do que era lá atrás, nos anos 90, mas a partir do momento que você entra a porta adentro, você sente aquela energia louca, e se sente participando de uma comunidade".

Zander: palco sagrado do rock

Gabriel Zander, vocalista e guitarrista do Zander, fala da importância histórica do Hangar 110 para as bandas e afirma que a casa é ainda um espaço de oportunidades para o desenvolvimento e manutenção da música no país.

"O Hangar 100 já trouxe tantas bandas de fora para tocar naquele palco que a gente costuma até brincar que é o palco sagrado do rock no Brasil, mas eu acho que também para o público, ele trouxe um lugar de pertencimento. Durante um tempo o Hangar era um point da galera mesmo sem saber o que ia ter na programação".

Ele também fala da relação pessoal com o Hangar 110. "Sempre foi um ótimo termômetro para saber como está a banda em relação ao público. Lembro que quando a gente começou com o Zander, começamos abrindo um show do Dead Fish, aí tínhamos, sei lá, uma fichinha de camarim e ficávamos no camarim menorzinho. Depois a gente foi abrindo para mais bandas, já era a segunda da noite, usava o camarim um pouco maior, tinham mais fichinhas, até o dia que a gente se tornou headliner, no camarim principal e aí tem lá o isopor para gente mesmo, pizza", ele recorda.

Koala: catalisador de uma geração

Já para Koala, vocal e guitarrista do Hateen, além de guitarrista do saudoso Street Bulldogs, que se reunirá uma vez mais em 2026 com um show agendado inclusive no Hangar 110 no dia 19 de março (já sold out!), a casa é catalisadora de toda uma geração de bandas nacionais que surgiram a partir do final dos anos 90.

"Antes do Hangar 110 surgir, as bandas independentes nacionais e até mesmo internacionais não tinham um lugar de porte médio com qualidade profissional para se apresentarem. O Hangar 110 não só serviu de casa, mas também de escola para a maioria das bandas que passaram por lá", ele afirma.

Koala lembra que suas bandas e o Hangar 110 cresceram juntos. "Agora, aos 27 anos, contam uma história cheia de momentos inesquecíveis que marcaram e continuarão marcando a vida de muita gente que vive e respira música. Obrigado Hangar 110!".

Hangar no Instagram: www.instagram.com/hangar110.


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