Cinco bandas mineiras de diferentes vertentes do Rock e do Metal para conhecer o atual cenário do estado
A terra do Sepultura, do pão de queijo, do sotaque inconfundível e da musicalidade rica vai muito além do legado histórico que carrega no Rock e no Metal

Minas Gerais sempre teve uma veia muito forte pra música pesada e hoje, mais do que nunca, o que se vê (e ouve) por lá é uma cena vibrante e cheia de atitude. Com toda a mistura cultural que o estado carrega, é natural que as bandas reflitam essa diversidade: cada uma com seu jeito, sua pegada, sua forma de contar histórias e fazer arte.
Seja no Stoner, no Punk, no Progressivo ou no sinfônico, a verdade é que o Rock e o Metal feitos em Minas não seguem uma fórmula pronta. Pelo contrário: o que move essas bandas é justamente a liberdade de experimentar, provocar e reinventar. É música com alma, feita com garra, que carrega no peito a força do underground e nas costas o orgulho de representar um pedaço tão rico e autêntico da cena nacional.
Na lista de hoje, selecionamos cinco bandas de diferentes vertentes do Rock e do Metal mineiro para nos aprofundarmos no atual cenário do estado. Então já vai preparando aquele cafezinho quente com um pão de queijo e doce de leite, porque o passeio pelo som mineiro vem com muito peso e personalidade.
Conheça todas as bandas indicadas através da Playlist a seguir:
Começamos a lista com uma das bandas mais emblemáticas e versáteis do cenário mineiro. O Tuatha de Danann tem uma assinatura sonora inconfundível e um legado que se confunde com a própria história do metal nacional. Misturando o peso do Metal com elementos da música folk, especialmente a celta irlandesa, e pitadas da nossa própria musicalidade brasileira, a banda criou uma identidade única que conquistou fãs por todo o mundo. Não à toa o grupo já levou sua música até o lendário Wacken Open Air, um dos maiores festivais de Metal do planeta.
Escolher uma única música para representar a trajetória da banda seria, no mínimo, injusto. Por isso, a dica é explorar uma faixa de cada disco — uma verdadeira viagem pela discografia que moldou gerações e segue inspirando músicos e fãs: "Us", "Tan Pinga ra Tan", "The Last Words", "Trova di Danú", "Dawn of a New Sun", "Turn", "The Calling" e "The Nameless".
Outro dos nomes mais tradicionais e consistentes do cenário pesado mineiro é a Uganga. Comandada por Manu Joker (ex-Sarcófago), a banda é sinônimo de peso e atitude, unindo o Thrash Metal com pegadas modernas de Groove e Hardcore. Ao longo de mais de vinte anos de estrada, a Uganga construiu uma identidade sonora marcante, sem jamais se acomodar no passado. A cada disco, o grupo reafirma sua disposição em explorar novas sonoridades, mantendo a essência agressiva e direta que a consolidou como uma das referências das vertentes mais extremas do metal nacional.
Além de seu recém lançado novo álbum de estúdio, "Ganeshu", indicamos também as faixas "Servus", "Guerra", "Fronteiras da Tolerância" e "Terra dos Ventos", que traduzem bem a identidade da banda através de suas diversas fases.
Seguindo para os trilhos do Hard Rock, quem carrega com orgulho a bandeira do rock clássico mineiro é a Gypsy Tears. A banda bebe direto da fonte de gigantes como Led Zeppelin, Deep Purple e Whitesnake, mas vai além: imprime sua própria personalidade e ainda traz pitadas da cultura mineira em meio aos riffs marcantes e à pegada setentista que domina suas composições. É uma verdadeira homenagem à era de ouro do rock, só que com uma abordagem mais contemporânea. Apesar da sonoridade direta e visceral, o cuidado com os arranjos, a profundidade das composições e a técnica apurada dos músicos saltam aos ouvidos.
Para conhecer melhor o trabalho da Gypsy Tears, vale começar por faixas como "Get the Vibe", "Devil's Train" e as poderosas músicas em português, "Carcará" e "O Rio da Vida".
Com uma proposta épica e imersiva, a Medjay se destaca por unir elementos do Heavy, Power e Prog Metal em composições grandiosas, carregadas de peso, melodia e emoção. Mas o que realmente coloca a banda em um lugar único dentro do cenário nacional é sua temática inspirada na cultura egípcia — um universo rico que ganha vida por meio de letras densas, atmosferas cinematográficas e arranjos cuidadosamente elaborados.
O cuidado com cada detalhe, tanto na composição quanto na produção, resulta em uma obra profunda e instigante — daquelas que revelam algo novo a cada audição. Para entrar nesse mundo sonoro cheio de deuses, mitos e histórias, vale começar com faixas como "Sandstorm", "Shemagh in Blood", "Mask of Anubis" e "Saladino".
Pra encerrar essa seleção com muito respeito à tradição, temos o The Mist, um dos grandes nomes do Thrash Metal mineiro e, sem dúvida, uma das bandas mais subestimadas da cena nacional, com uma trajetória marcada por álbuns que facilmente rivalizam com o que há de melhor no gênero, tanto no Brasil quanto lá fora. Ainda assim, muitos ainda não conhecem o tamanho e a relevância do The Mist — uma verdadeira injustiça para quem moldou parte importante da história do Metal brasileiro. Seus álbuns "Phantasmagoria" e "The Hangman Tree" de 1989 e 1991, respectivamente, são verdadeiras obras-primas do gênero, e o EP "The Circle of the Crow", de 2022, prova que a banda está em plena forma.
Para se aprofundar na obra do The Mist, indicamos músicas como as clássicas "Flying Saucers in the Sky", "Barbed Wire Land (At War)", "God of Black and White Images", "Scarecrow", "Falling into My Inner Abyss" e as mais recentes "My Inner Monster" e "Over My Dead Body".
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