Cinco vezes que o Rock e o Heavy Metal se uniram ao universo dos Games

Em 2018, quando o Iron Maiden — uma das maiores bandas de Heavy Metal de todos os tempos — anunciou a turnê Legacy of the Beast World Tour,

Cinco vezes que o Rock e o Heavy Metal se uniram ao universo dos Games
Cinco vezes que o Rock e o Heavy Metal se uniram ao universo dos Games (Foto: Reprodução)

Ficou claro o quanto o game Legacy of the Beast já fazia parte do universo da banda, não só como produto, mas como uma extensão criativa de sua identidade. Lançado em 2016 pela Navigator Games, o RPG gratuito é ambientado no mundo sombrio e fantástico do Iron Maiden, com ninguém menos que Eddie, o icônico mascote da banda, como protagonista. Mas a relação do Maiden com os games vem de longa data: ainda em 1999, a banda já ousava nesse território ao lançar Ed Hunter, muito antes da indústria dos jogos se consolidar como potência cultural global.

Mas o que isso nos diz a respeito do mercado da música?

Isso mostra que o mercado da música precisa estar em constante movimento — atento às transformações culturais, tecnológicas e comportamentais do público. Incorporar elementos de outras mídias, como os games, é mais do que uma tendência: é uma forma de expandir a experiência do fã, criar novas formas de engajamento e manter a relevância em um cenário saturado e competitivo. Em um tempo em que o ouvinte é também espectador, jogador e criador de conteúdo, a música não pode mais se limitar ao som — ela precisa ser vivida. E é aí que iniciativas como essa apontam para o futuro: um universo musical cada vez mais interativo, imersivo e multiplataforma.

Mais um exemplo envolvendo outro dos maiores nomes do gênero, diz respeito a parceria do Metallica com o jogo eletrônico, Fortnite, uma das maiores franquias do mundo dos games multiplayer. Em 2024, o Metallica foi adicionado ao game com músicas no modo Fortnite Festival e todos os quatro integrantes - James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett e Robert Trujillo - como personagens jogáveis. Há ainda kits de bateria de Lars Ulrich, a guitarra Gibson Les Paul de Kirk Hammett, emojis e até skins alternativas para os personagens.

Essa integração entre música e universo gamer não é apenas uma jogada de marketing pontual: ela ressalta uma tendência maior de reinvenção da experiência musical em tempos digitais. Em um ambiente cada vez mais competitivo, artistas e bandas que buscam se manter relevantes precisam ir além do som e ultrapassar os limites dos palcos e plataformas de streaming. Games, nesse contexto, oferecem um ambiente fértil para isso, permitindo que a música seja vivida de forma interativa, visual e personalizada.

Mas não somente de jogos de computadores é que podemos sentir essa tendência, afinal, existe um público muito vasto de jogos de RPG e tabuleiros, por exemplo, que muitas vezes vão na contramão das tendências mais tecnológicas desse mercado, apostando em produtos que as desconectem um pouco de uma vida digital. Assim, diversos jogos nesses formatos também foram sendo lançados. Talvez o mais recente deles seja o caso dos alemães do Blind Guardian, uma banda já amplamente reconhecida pela profundidade de sua obra e seu envolvimento com ambientações e temáticas épicas e grandiosas. Inspirado por esse universo, o Blind Guardian lançou o jogo de tabuleiro, "From The Other Side". O board game apresenta tudo o que o fã de um jogo nesse formato espera: Miniaturas detalhadas, cartas, dados e um tabuleiro completo. No Brasil, "From The Other Side" é distribuído pela Tanelorn Heavy Metal Shop, responsável também pela distribuição nacional dos jogos de bandas como Therion, Rhapsody of Fire, Powerwolf e Sabaton.

No Brasil, uma das apostas mais ousadas nesse formato vem do supergrupo Ready To Be Hated, formado por nomes consagrados da cena como Luis Mariutti, Thiago Bianchi, Fernando Quesada e Rodrigo Oliveira. Em seu álbum de estreia, The Game of Us, a banda propõe uma experiência inédita: o encarte físico do CD se transforma em um tabuleiro jogável, com regras próprias, objetivos definidos e 43 casas que representam momentos marcantes da trajetória dos músicos. Com um design sombrio e detalhista, o projeto vai além do conceito tradicional de álbum e convida o público a literalmente jogar e explorar — casa por casa, faixa por faixa — as histórias de superação, paixão e resiliência que moldaram essas carreiras. A pré-venda do disco com o jogo está disponível no site da Planeta Rock (www.planetarock.com.br/ready-to-be-hated).


Por fim, mas não menos relevante, também no cenário nacional, a banda de rock alternativo, Ingrime, apostou em uma estética retrô inspirada nos antigos jogos de computador para expandir a experiência do single "Apenas Estranhos", lançado em 2024. O lançamento veio acompanhado de um videoclipe animado e de um jogo em formato indie/plataforma, onde o jogador percorre cenários que se conectam diretamente com a letra da canção e com elementos visuais e conceituais da trajetória da banda. O resultado é uma imersão sensorial que transforma o ato de ouvir em algo ainda mais profundo e participativo.

[Bônus Game] Seguindo o caminho inverso, também é muito legal destacar quando o contrário acontece, e um jogo clássico é tomado como tema do lançamento de uma música. Neste caso, é válido destacar o lançamento de um dos singles mais recentes da banda Renan Collatto's Agathos, um projeto formado por músicos do Brasil e da Itália, que em especial no single "Underdark", homenageia um dos jogos de RPG mais clássicos da história, o Dungeons & Dragons. "Underdark" é o segundo single lançado para o disco "The Red Storm Pt. 2", e está ambientado nas profundezas sombrias de "Out of The Abyss", uma das aventuras mais populares do cenário de RPG de Forgotten Realms, e transforma esse ambiente de fantasia em uma jornada épica e grandiosa de Prog e Power Metal. Mais do que uma simples tendência, a aproximação entre música e jogos mostra como as bandas estão cada vez mais dispostas a explorar novas formas de conexão com o público e, ao fazer isso, ampliam os limites da própria arte. Seja ao transformar discos em tabuleiros, clipes em games ou jogos em músicas, essas experiências multimídia enriquecem o conteúdo e também convidam o fã a participar ativamente da obra. Num mercado onde prender a atenção é um desafio constante, iniciativas assim revelam um caminho criativo, imersivo e cada vez mais necessário para manter a música viva e em diálogo com o presente.

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