A hangman’s joke
Vai passando a multidão, carros, bares, gentes com sacolas ou sem sacolas, malas e carteiras vazias, enfim tudo momentaneamente virando passado diante de nossos olhos, em menos de um minuto, a mudança de cena repassa imagens de passado ali vivido, que se tornam perceptíveis agora. Depois do futuro.
Descrente sigo em frente observando e constatando que é tudo mentira, uma ilusão como a permanência das coisas, e a ideia de estabilidade buscada como um sonho de vida, a realização que todos buscam e lutam para manter estável, na zona de conforto idealizada ou então, sentar-se à mesa para saborear um creme de brócolis com azeite.
Atravessando a avenida cercado por franco atiradores a procura de um alvo, mantendo o semblante inexpressivo para encobrir a intenção, fingindo não ver o foco do que observa, sobrecarregado de ações exteriores que contam estórias de enganos e desejos, escravo do binário produção / consumo, constantemente produzindo para consumir desejo de produtos oferecidos pelo algoritmo, o que não entendo é esse moto perpétuo entre consumir e depois que produziu e conseguiu obter o objeto do desejo, logo se cansa e passa a desejar outro objeto, e novamente volta à produção movido pelo desejo de consumo deste novo objeto, é meio redundante, mas moto perpétuos não são redundantes?
Renato Pittas
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