“A Pedra Escura”, premiada peça espanhola, ganha montagem inédita no Brasil
Com Lucas Popeta, Vino Fragoso, participação de Carmo Dalla Vecchia (off) e direção de João Fonseca, espetáculo sobre o amor bissexual em meio à guerra faz temporada no Teatro Poeirinha
A força do diálogo, da compreensão e do amor em meio aos horrores da guerra. Esse é o ponto de partida de “A Pedra Escura”, um dos mais premiados e importantes textos do teatro espanhol moderno, escrito por Alberto Conejero, que ganha montagem inédita no Brasil em temporada no Teatro Poeirinha, em Botafogo, de 2 de novembro a 17 de dezembro, de quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h.
Com direção de João Fonseca, a peça se passa no quarto de um hospital militar, durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), dividido entre o prisioneiro Rapún (Vino Fragoso) e o guarda Sebastian (Lucas Popeta). Um revolucionário e um garoto. Dois homens que não se conhecem são forçados a compartilhar as horas terríveis de uma contagem regressiva que pode terminar com a morte de um deles ao amanhecer.
Ao prisioneiro, restam poucas horas de vida e a missão de salvar o último trabalho que Federico Garcia Lorca (Carmo Dalla Vecchia, em off), um dos maiores escritores espanhóis de todos os tempos, deixou sob sua custódia. Para isso, precisa convencer o jovem militar a salvar o texto de teatro, que conta a história de amor entre dois homens, motivo pelo qual Lorca foi fuzilado pelo exército franquista um ano antes, em 1936.
Arte em luta
“A Pedra Escura” combina tensão dramática e pulso poético para levantar questões importantes, como a barbárie causada por uma guerra, a importância de preservar a memória e a cultura de um povo. E o papel crucial da educação e da arte para a construção de uma sociedade mais humana e menos desigual.
Natural de Itaperuna, município do Noroeste Fluminense, Vino Fragoso, que também é idealizador do projeto, conta que a montagem nasce do seu desejo antigo de levar a pauta da bissexualidade para o teatro, tema ainda pouco abordado nos palcos e na mídia. O cenário, assinado por ele, representa o horror da guerra e das ditaduras, e foi inspirado na obra do consagrado artista plástico brasileiro Cildo Meireles, com quem se encontrou no atelier do artista e teve sua aprovação.
– Eu queria fazer um espetáculo que fosse dramatúrgico, mais concreto, e com temática LGBTQIAPN+. Desde quando comecei a me descobrir bissexual quis levar ao palco essa pauta, pois há pouca representatividade nas artes e na mídia. Em 2018, conheci o trabalho de Alberto Conejero ao ler “Como Posso Não Ser Montgomery Clift?” e, no ano seguinte, começamos a conversar sobre o projeto da montagem de “A Pedra Escura”. Convidei para a direção o João Fonseca, que foi uma das primeiras pessoas que conheci no Rio de Janeiro, por meio do Paulo Gustavo – revela.
Fragoso exalta a importância da resistência do fazer artístico para falar e levar ao público temas complexos, porém necessários para a reflexão em busca de uma sociedade melhor e mais justa.
– Isso fala muito sobre a minha necessidade de vida – que é uma necessidade em essência do fazer artístico – de expressar uma realidade que pode ser também a de outras pessoas. E de um texto atemporal no que tange às barbáries da guerra, do fascismo e do preconceito, que infelizmente persistem abreviando vidas e talentos, como nos conflitos recentes que temos presenciado pelo mundo e na difícil realidade aqui no Brasil – ressalta.
João Fonseca reforça o papel da peça de Alberto Conejero na preservação da trajetória de Rafael Rodrigues Rapún, companheiro de Federico Garcia Lorca nos últimos anos de sua vida e inspiração para os seus “Sonetos do Amor Obscuro”.
– São muitos anos de obscuridade, muitos anos sem que as personagens LGBTQIAPN+ que fizeram parte da história tivessem suas vidas contadas e sua importância reconhecida. Muitos anos de perseguição por governos autoritários sem nunca vir um pedido de desculpas. “A Pedra Escura” é um encontro de dois jovens atropelados pela Guerra Civil Espanhola, guerra que destrói tudo, inclusive os vencedores. Desse encontro surge a esperança de que, mesmo aniquilados, não desaparecemos por completo. A arte e a memória resgatarão a beleza e a poesia – destaca.
Ficha técnica:
Autor: Alberto Conejero
Direção: João Fonseca
Idealização e Tradução: Vino Fragoso
Atores: Lucas Popeta e Vino Fragoso
Participação Especial (Off): Carmo Dalla Vecchia
Assistente de Direção: Andre Celant
Direção de Movimento: Johayne Hildefonso
Preparação Vocal: Adriana Micarelli
Preparação de Ator (Vino F.): Thais Mansano
Trilha Sonora: Tony Lucchesi
Violão: Gabriel Quinto
Figurino: Nello Marrese
Desenho de Luz: Felicio Mafra e Felipe Antelo
Cenografia: Vino Fragoso
Produção de Cenografia: Plantha e Giovanna Garcia
Projeto Gráfico: Plantha
Fotografia Editorial: Robert Schwenck
Filmes: LordBull
Assessoria de Imprensa: Carlos Pinho
Mídias Sociais: Plantha
Produção: Vino Fragoso e Paloma Ripper
Coprodução: LP Artes entretenimento
Realização: Plantha
Serviço:
Temporada: de 02 de novembro a 17 de dezembro
Dias e horários: quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h
Local: Teatro Poeirinha – Rua São João Batista, 104, Botafogo, Rio de Janeiro – RJ
Entrada: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada), vendas pelo https://bileto.sympla.com.br/event/88112/d/222987/s/1510181
Duração: 70 minutos
Gênero: drama
Classificação indicativa: 16 anos
Capacidade: 50 espectadores.
Mais informações: https://www.teatropoeira.com.br/pedra-escura
Rede social da peça: @apedraescura