Durante o Verão
Numa tarde de verão, o sol brilhava intensamente no céu. Um jovem desenhista, estava sentado em seu estúdio, cercado por papéis e lápis, buscando inspiração para sua próxima obra. Ele estava teimoso, determinado a criar algo único e especial, mas a ideia não vinha. Então, por pura teimosia, ele começou a desenhar qualquer coisa que lhe viesse à mente, sem se preocupar com o resultado final.
Cada traço que fazia parecia uma alegoria diferente, um símbolo de algo maior que ele ainda não conseguia compreender. Desenhava por alegria, mas uma pergunta persistente ecoava em sua mente: “Será que você ia?”.
Para onde? Se perguntava. Ele não tinha resposta, apenas a incerteza. “Sei lá,” ele respondia a si mesmo. “Nem sei se hoje é o dia!”
Apesar da dúvida, pediu a si mesmo que sorrisse, que se libertasse antes que fosse tarde demais. Era meio-dia e percebeu que ainda não tinha comido nada. Sua fome começava a incomodá-lo. O que ele poderia comer para saciar sua fome criativa e física?
Olhou ao redor, pensando no que poderia sugerir a si mesmo. Talvez algo simples, mas saboroso, algo que o reconfortasse e trouxesse uma nova perspectiva.
Mas, e se não fosse certo? Se alguém estivesse esperando por ele? Refletia sobre a incerteza da vida, sobre como cada verbo, cada ação, poderia mudar o curso do dia.
Imaginou cenas vagas, um carnaval de imagens, algumas grotescas e cheias de porcarias e pornografia. Outras vezes, surgiam coisas tão inocentes e puras que nem ele mesmo acreditava.
Sorriu ao pensar em como a vida era cheia de contrastes, de momentos inesperados. Talvez, ele e uma pessoa especial pudessem estar juntos, compartilhando uma refeição e recriando dias de folia, de alegria pura.
Fechou os olhos por um momento, imaginando a cena. Quando os abriu, soube o que desenhar. Pegou seu lápis e começou a criar uma obra que mesclava todas as emoções e pensamentos que passaram por sua mente. Embora parecesse sem sentido à primeira vista, carregava em si toda a complexidade e beleza da vida.
Ao terminar, olhou para seu desenho e sorriu. Era exatamente o que precisava, um reflexo de sua jornada interna. Se levantou, sentindo-se leve, como se um peso tivesse sido retirado de seus ombros. E, com um último olhar para sua obra, ele saiu para almoçar, sentindo-se pronto para enfrentar o resto do dia.
Saiu do estúdio e caminhou pelas ruas da cidade. A brisa quente de verão acariciava seu rosto, e ele se sentia renovado. A fome ainda estava presente, mas havia uma leveza em seu passo, uma sensação de liberdade que ele não sentia há tempos.
Enquanto caminhava, começou a notar os pequenos detalhes ao seu redor. As crianças brincando na praça, os vendedores ambulantes gritando suas ofertas, os casais passeando de mãos dadas. Cada cena era uma pequena alegoria da vida, um pedaço do grande mosaico que ele tanto desejava capturar em seus desenhos.
Ao passar por uma cafeteria, ele decidiu entrar. O aroma de café fresco e pão recém-assado o envolveu, escolheu uma mesa próxima à janela. Pediu um sanduíche e um café, e enquanto esperava, observava o movimento na rua.
De repente, uma figura familiar entrou na cafeteria. Era, uma amiga de infância que ele não via há anos. Seus olhos se encontraram, e um sorriso instantâneo surgiu em seus rostos. Ela se aproximou e sentou-se à mesa dele sem hesitar.
“Quanto tempo!” exclamou ela, seus olhos brilhando de alegria.
“Sim, faz tanto tempo. Como você está?” Ele respondeu, sentindo uma onda de nostalgia.
Começaram a conversar, e as palavras fluíam com facilidade, como se os anos de separação não tivessem existido. Contou sobre sua luta com a inspiração e seu último desenho, enquanto ela compartilhava suas próprias aventuras e desafios.
Enquanto falavam, percebeu que aquele encontro inesperado era mais uma peça do quebra-cabeça que ele estava tentando montar. Ela sempre tinha sido uma fonte de inspiração para ele, com sua visão otimista e sua capacidade de ver beleza nas coisas mais simples.
“O que você anda desenhando agora?” perguntou, curiosa.
Sorriu e tirou um caderno de esboços da mochila. Mostrou a ela o desenho que tinha feito naquela manhã, uma mistura de cenas vagas e alegorias complexas.
“Uau, isso é incrível! Cada detalhe parece contar uma história,” disse, admirada. “Mas me diga, qual é o significado por trás disso tudo?”
Refletiu por um momento. “Acho que é uma representação de tudo o que estou sentindo e vivenciando. A vida é cheia de incertezas, contrastes, e momentos de pura alegria. É isso que eu queria capturar.”
ela assentiu, compreendendo. “Isso é lindo. E é exatamente o que torna a arte tão poderosa. Ela nos permite expressar o que palavras não podem.”
Continuaram conversando, e se deu conta de que aquela tarde estava se transformando em algo mágico. Era um reencontro inesperado, uma reconexão com alguém especial que trazia novas cores à sua vida.
Ao se despedirem, Ela sugeriu que se encontrassem mais vezes. Ele concordou, sentindo que aquele encontro era o início de uma nova fase, não apenas em sua arte, mas em sua vida.
Com o coração leve e um sorriso no rosto, voltou para o estúdio. Ele se sentia inspirado, não apenas para criar novos desenhos, mas para viver cada dia com a mesma alegria e curiosidade que sentia naquele momento.
Assim, ele se sentou novamente em sua mesa de desenho, pronto para transformar toda aquela emoção em arte. Afinal, a vida era uma tela em branco, esperando para ser preenchida com as cores de suas experiências e sonhos.
Voltou para seu estúdio com uma sensação de renovação e propósito. Sentou-se diante de sua mesa de desenho, agora com uma visão mais clara e objetiva sobre o que queria expressar. Pegou o lápis e começou a desenhar novamente, desta vez com uma intenção mais definida.
Decidiu criar uma série de ilustrações que capturassem os momentos mais significativos de sua vida. Começou com sua infância, desenhando a casa onde cresceu e os rostos sorridentes de sua família. Em seguida, passou para a adolescência, retratando os amigos, os primeiros amores e as aventuras escolares. Cada desenho era uma janela para o passado, trazendo à tona lembranças esquecidas pelo passar do tempo.
Renato Pittas
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