Feitiços, Fetiches e Lua Cheia

Feitiços, Fetiches e Lua Cheia

No ano de 2167, a humanidade alcançou um nível de avanço tecnológico tão elevado que o impossível se tornou cotidiano. As cidades flutuantes, suspensas no ar por campos magnéticos, são povoadas por humanos e seres cibernéticos que coexistem em uma harmoniosa sinfonia de metal e carne. O céu, um caleidoscópio de neons e hologramas, é dominado por uma lua cheia artificial, projetada para regular as marés e os humores das massas.

Dentro dessa metrópole futurista e surreal, existe uma figura misteriosa conhecida apenas como A Feiticeira Tecnomante. Misturando antiga magia com alta tecnologia, ela cria feitiços que desafiam as leis da física e da lógica. Seus serviços são procurados por aqueles que desejam mais do que o comum, mais do que o avanço tecnológico pode proporcionar.

Numa noite de lua cheia, quando as barreiras entre o possível e o impossível são mais tênues, um jovem hacker com um fetiche por segredos proibidos encontra um misterioso mapa digital que o leva ao covil da Tecnomante. Ele deseja um feitiço que possa revelar os segredos mais profundos do universo, mas ao cruzar o umbral de seu domínio, descobre que o preço a pagar pode ser muito mais do que ele está disposto a oferecer.

Nesta cidade onde realidade e fantasia se entrelaçam, quais mistérios e perigos aguardam sob a luz da lua cheia? Que feitiços serão lançados, e que fetiches serão explorados, enquanto o destino dos protagonistas se desenrola num balé surreal de magia e tecnologia?

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O Mapa Digital

Na noite de lua cheia, as ruas da cidade brilhavam com uma intensidade quase mágica. Os hologramas dançavam ao redor dos transeuntes, anunciando ofertas de implantes cibernéticos e viagens interplanetárias. No meio desse espetáculo de luz e som, um jovem hacker, esgueirava-se pelas vielas escuras.
Era obcecado por segredos. Não os segredos triviais, como senhas de contas bancárias ou arquivos corporativos. Ansiava por algo mais profundo, algo que transcendesse o código binário e os algoritmos. E foi assim que ele encontrou o mapa digital.
O mapa não estava em nenhum servidor público. Era uma relíquia, um fragmento de uma era anterior à Tecnomante. Dizia-se que quem o seguisse chegaria a um lugar onde a realidade se curvava, onde os feitiços eram reais e os fetiches ganhavam vida. Não hesitou. Decifrou os enigmas do mapa e seguiu as coordenadas até o covil dela.

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O Preço da Verdade

O covil dela era uma fusão de arquitetura gótica e tecnologia avançada. As paredes eram adornadas com símbolos antigos, e no centro da sala, uma esfera de luz pulsava como um coração artificial. A Feiticeira, vestida em trajes negros e cabelos prateados, aguardava.

“Você deseja a verdade ?” sua voz ecoou.

Assentiu. “Quero saber os segredos do universo.”

Ela sorriu. “Tudo tem um preço.” Estendeu a mão, e ele sentiu sua mente se abrir. Visões de outras dimensões, equações impossíveis, segredos cósmicos inundaram sua consciência. Mas havia algo mais. Uma dor profunda, uma perda que ele não conseguia compreender.

“O preço é alto”, sussurrou a Feiticeira. “Você está disposto a pagar?”

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O Balé da Magia

Hesitou. A verdade era um fardo pesado, mas ansiava por ela como um viciado por droga. Olhou para a lua cheia projetada no teto, sua luz filtrando-se pelas vidraças.

“Sim”, murmurou. “Estou disposto.”

A ela lançou o feitiço. O mundo se distorceu ao seu redor, e ele viu além das estrelas, para os segredos do cosmos. Mas também viu sua própria morte, sua existência se desvanecendo como um código corrompido.
O epílogo veio rápido. Acordou na rua, o mapa digital desaparecido. Sabia a verdade, mas a que custo? A lua cheia brilhava sobre ele, e dançou, um balé de magia e tecnologia, enquanto a cidade continuava sua sinfonia de metal e carne.

A cidade seguiu seu curso, alheia aos segredos que se escondiam sob sua superfície brilhante. A Feiticeira permaneceu em seu covil, esperando por outros corações famintos de verdades proibidas.

Renato Pittas:

Contato:[email protected]   

https://sara-evil.blogspot.com

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