O Enigma da Rima
Em uma cidade pequena e esquecida pelo tempo, havia uma história que muitos contavam, mas poucos acreditavam. A cidade era envolta em um mistério antigo e profundo, e o protagonista de nossa história era um jovem poeta. Era conhecido não apenas por suas rimas envolventes e suas palavras afiadas, mas também por sua habilidade rara de capturar a essência dos sentimentos humanos em versos poéticos.
Vivia na penumbra de uma velha biblioteca abandonada no centro da cidade, um local coberto por teias de aranha e poeira, onde livros empoeirados guardavam segredos que só os mais atentos podiam desvendar. À noite, a biblioteca parecia ganhar vida, com sussurros de folhas virando e ecos de passagens antigas que eram lidas por um público invisível.
Certa noite, enquanto revisava um manuscrito antigo de um poeta enigmático chamado Eros de Lys, Encontrou um pergaminho escondido entre as páginas. O pergaminho estava em um estado frágil, e suas palavras estavam escritas em uma caligrafia elegante e antiquada. O texto dizia:
Ora! Ora! Diga logo o que veio dizer,
Não se perca em desditas desnecessárias,
Deixe-se levar pela fonética.
Ao ledo engano, hip-hop estranho ao ouvido displicente,
Rappin’tongue coisa e tal…
Verborragic output! Nada além do já dito em outros verbos,
Afobado perde o ritmo, atravessa no estilo,
Se permite a alguma licença, se desvia em outros versos,
Perde-se de vez…
Reinventa! Volta à cena e, desdiz tudo que havia dito.
Ficou intrigado. O texto parecia um enigma, um convite para uma jornada ou um desafio de sua própria habilidade poética. Havia um convite implícito para explorar além do óbvio, para buscar algo mais profundo escondido entre as palavras e rimas.
Na manhã seguinte, Decidiu que resolveria esse enigma. Passou o dia na biblioteca, mergulhado na leitura de textos antigos e nas músicas que exploravam a fonética e os jogos de palavras. Mas quanto mais ele se esforçava para compreender o significado do pergaminho, mais ele se sentia perdido. Cada rima e verso parecia levá-lo para um beco sem saída.
Finalmente, ao anoitecer, exausto e frustrado, Deitou-se no chão da biblioteca, olhando para o teto empoeirado, e deixou sua mente vagar. Ele começou a recitar as palavras do pergaminho em voz alta, permitindo que o ritmo fluísse livremente de sua língua:
“Ora! Ora! Diga logo o que veio dizer…”
De repente, enquanto recitava, ele percebeu um padrão nas palavras, um ritmo oculto que não havia notado antes. Era como se a própria biblioteca estivesse respondendo ao seu desafio. O ambiente ao seu redor começou a mudar; as sombras nas paredes pareciam dançar ao ritmo de sua voz, e um antigo livro caiu da estante, abrindo-se para uma página específica.
Pegou o livro e viu que a página estava repleta de ilustrações de símbolos místicos e antigas rimas que pareciam formar um mapa. Abaixo do mapa, estava escrito:
“O verdadeiro enigma se revela na última canção. Cante as palavras, e o segredo será desvelado.”
Com a nova pista em mente, Começou a recitar as palavras do pergaminho com um novo entendimento, adaptando-as para um estilo musical diferente, quase como um rap antigo misturado com poesia clássica. Ele cantava com fervor, deixando sua voz e emoções guiá-lo através dos versos.
Ao alcançar a última linha, “Reinventa! Volta à cena e, desdiz tudo que havia dito”, Sentiu uma sensação de clareza. Estava pronto para reescrever sua própria história, para transformar a antiga canção em algo novo e significativo.
Naquela noite, compôs uma nova canção, uma melodia única que misturava o passado com o presente, o clássico com o moderno. A canção, quando terminada, parecia ter um efeito mágico sobre a biblioteca. As paredes e os livros brilharam com uma luz suave, e um caminho secreto se revelou, levando-o a uma sala escondida cheia de manuscritos e relíquias do passado.
A última canção não era apenas uma peça de música, mas um portal para a sabedoria esquecida, um meio de conectar o presente com o passado. O enigma do pergaminho estava resolvido, e ele se tornou o novo guardião dos segredos da biblioteca, prometendo proteger o conhecimento e inspirar futuras gerações com suas palavras.
A história dele e sua última canção se espalhou, e a biblioteca, antes esquecida, voltou a ser um local de aprendizado e mistério, onde o ritmo das palavras continuava a ecoar através dos corredores e das mentes daqueles que buscavam o saber.
Continuou a cantar, suas rimas e versos sempre evoluindo, sempre se reinventando. E na cidade, o som da sua voz e a magia da biblioteca se tornaram uma parte eterna do mistério que envolvia a cidade, um lembrete de que as respostas mais profundas muitas vezes vêm quando você menos espera, e que o verdadeiro conhecimento está sempre à espera de ser descoberto.
A Última Canção se tornou um símbolo da capacidade de transformação e da jornada pessoal que cada um de nós pode empreender, um enigma que pode ser desvendado através da criatividade e do desejo de explorar além do óbvio.
Continuou a cantar, suas rimas e versos sempre evoluindo, sempre se reinventando. O segredo da última canção transformou a velha biblioteca em um local de aprendizado e mistério, onde o eco dos versos antigos e o brilho das palavras sussurradas atravessavam os corredores da biblioteca e os corações e mentes dos visitantes.
A cada dia, a biblioteca recebia novos exploradores – poetas, filósofos e sonhadores – que vinham em busca do enigma perdido ou de uma centelha de inspiração. A luz suave que emanava dos livros e das paredes parecia convidar todos a descobrir suas próprias verdades, a seguir seus próprios caminhos criativos e a buscar as respostas que estavam escondidas no universo das palavras e da arte.
Se tornou, um guardião dos segredos e um mentor para aqueles que chegavam à biblioteca. Compartilhava a história de sua própria jornada com os visitantes, ensinando-os que a verdadeira compreensão muitas vezes vem de um lugar profundo dentro de si mesmos, e que a inovação e a reinvenção são as chaves para a descoberta.
Nma noite particularmente tranquila, se encontrou sozinho na biblioteca, sentado no meio dos livros e dos papéis antigos. Sentiu que seu trabalho estava completo, que a verdade da última canção havia sido revelada e que seu propósito estava realizado. Com um sorriso sereno, ele começou a escrever em um novo caderno, suas palavras fluindo com uma paz que só vem da conclusão de um grande ciclo.
As palavras que ele escreveu eram um testemunho de sua jornada e um convite para os futuros visitantes:
“Àqueles que buscam o mistério e o saber,
Lembrem-se de ouvir não apenas com os ouvidos, mas com o coração.
A verdadeira rima não é uma fórmula a ser decifrada,
Mas uma melodia a ser sentida e vivida.
Reinvenção é o segredo, transformação é a arte,
E cada verso, cada palavra, é um passo em uma jornada eterna.
Aqui, onde a luz e a sombra se encontram,
O enigma se dissolve, e a sabedoria se revela,
Para aqueles que têm a coragem de buscar e o coração para ouvir.
Com essas palavras, selou o caderno e o colocou em um pedestal no centro da biblioteca, junto com o pergaminho original e o livro antigo que o havia guiado. Ele sabia que o conhecimento era um presente que deveria ser compartilhado e que o enigma da última canção era um farol para todos que procuravam por algo mais profundo.
No amanhecer seguinte, a biblioteca estava ainda mais viva do que antes, uma mistura de passado e presente, onde cada canto escondia histórias e mistérios. Continuou a ser um mentor invisível, guiando as almas curiosas através das palavras e da sabedoria que ele havia protegido e cultivado.
Anos se passaram, ele se transformou em uma parte indissociável da história. A biblioteca se tornou um símbolo de busca e descoberta, um lugar onde as pessoas vinham para encontrar não apenas respostas, mas também novas perguntas, inspiradas pela última canção e pelo enigma que ele desvendou.
Assim, o ciclo se completou. O enigma original havia sido resolvido, mas novos mistérios surgiam a cada dia, como ecos de uma canção sem fim. A biblioteca se tornou um lugar onde cada verso contava uma nova história e cada rima abria portas para novos mundos.
O legado perdurou, não como uma resposta definitiva, mas como um convite eterno para a exploração, a reinvenção e a descoberta. Em cada canto da biblioteca, em cada livro e cada palavra, a essência de sua última canção continuava a inspirar, a iluminar e a desafiar todos que passavam por lá.
E assim se encerra a história do o poeta que encontrou o verdadeiro significado na última canção e deixou um legado que atravessaria o tempo e as palavras, perpetuando o mistério e a magia da biblioteca de Lúmen.
O enigma nos ensina que a verdadeira sabedoria não está nas respostas fáceis, mas na jornada de exploração e reinvenção. Às vezes, para encontrar o que procuramos, precisamos estar dispostos a reescrever nossa própria história, a reinventar nossas próprias canções e a ouvir a melodia que ecoa dentro de nós.
A canção se tornou um lembrete de que a arte e o mistério estão sempre presentes, prontos para serem descobertos por aqueles que têm a coragem de ouvir e a criatividade para transformar.
Renato Pittas
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