O Último Trem
Há algo de misterioso na quietude da noite, um silêncio que, ao mesmo tempo, é profundo e agitado, como se o tempo estivesse suspenso, aguardando o momento exato para se desvelar. Nessa hora, os desejos, quase imperceptíveis, parecem surgir de um canto obscuro, como sombras sorrateiras que atravessam a noite, silentes, mas carregadas de presságios. Eles permeiam nossos sonhos, como se soubessem de algo que ainda não podemos entender, mas que, de alguma forma, já nos habita.
Lembro-me de uma noite em que não consegui dormir, mas não era por falta de cansaço. O corpo estava exausto, mas a mente, essa teimosa intrusa, se recusava a descansar. Eu estava ali, à deriva, na fronteira entre o sono e a vigília, quando os pensamentos começaram a se formar, mas não da maneira usual. Eram fragmentos, imagens desconexas, como se fossem lembranças distorcidas de algo que nunca vivi, mas que, paradoxalmente, parecia profundamente familiar. Eu sabia que não eram meus, mas, ao mesmo tempo, me reconhecia neles.
O inconsciente tem dessas coisas: cria complexas estruturas invisíveis em nossas mentes, como castelos feitos de neblina, que se erguem e se desmoronam sem aviso, mas que, ainda assim, governam silenciosamente nossas percepções. Quem somos, afinal? Somos apenas o reflexo do que conseguimos recordar? Ou somos, em grande parte, aquilo que o nosso inconsciente guarda, sem que tenhamos ciência disso?
É quase como se, ao longo dos anos, tivesse construído um arquivo secreto dentro de mim, um arquivo que, em noites como essa, se abria de forma inesperada, sem que eu pudesse controlar. Eu “esperava pelo inesperado”, essa sensação estranha de que algo iria acontecer, sem saber exatamente o quê. Mas, no fundo, sabia que aquilo não era sobre o mundo exterior. Era sobre mim, sobre os mistérios que eu escondia, ou que o próprio tempo havia enterrado lá.
À medida que a noite avançava, os pensamentos se tornavam mais nítidos, mais urgentes. Eu sentia o peso das escolhas não feitas, das palavras não ditas, das emoções não vividas. O inconsciente é, talvez, esse terreno onde tudo o que deixamos para trás se acumula, como uma avalanche de pequenas coisas que, no decorrer da vida, não tivemos coragem de olhar. Eu, que achava ter me entendido, me vi agora perdido em um labirinto de reflexões. Talvez, no final das contas, não se trate de entender, mas de aceitar a imperfeição dessa construção.
A noite, com sua densidade silenciosa, traz consigo uma ansiedade que se mistura com o desejo de que tudo acabe logo, que o dia venha logo e traga consigo a promessa de clareza. Mas é na madrugada, talvez, que o inconsciente se revela com mais força. Não no amanhecer, mas na escuridão em que somos obrigados a confrontar aquilo que, em plena luz, preferimos ignorar.
À medida que o relógio marcava as horas e a noite se aproximava do fim, a sensação de que algo estava por vir persistia. Uma sensação estranha de que a resposta, ou a liberdade, estava ali, prestes a surgir, mas que só poderia ser alcançada se eu fosse capaz de olhar para dentro e entender os sussurros do que havia sido guardado. Afinal, todos esperamos que a noite acabe, não porque queremos o amanhecer, mas porque é na quietude da noite que os segredos mais profundos se revelam – não como certezas, mas como enigmas que nos convidam a continuar a busca.
E, talvez, o maior mistério seja justamente esse: o inconsciente nos conduz pela vida como um rio sinuoso, com suas águas calmas, mas traiçoeiras, que nos guiam sem que saibamos o destino final. E o mais interessante é que, apesar de tudo, seguimos com uma expectativa silenciosa, como se a noite fosse eterna, mas também, inevitavelmente, tivesse que acabar.
2
Era uma cidade de concreto, vidro e névoa, onde as sombras dos edifícios pareciam engolir os poucos vestígios de luz que restavam. O horizonte era uma linha tênue e quebrada, como um corte profundo em uma tela rachada. Ali, no centro dessa metrópole que nunca dormia, as ruas estavam sempre vazias, mas não por falta de gente. Não. Havia pessoas, mas elas caminhavam com os olhos vazios, sem nunca realmente olhar, como se não soubessem mais para onde iam, ou pior, como se soubessem, mas preferissem não saber.
Naquela noite específica, o metrô subterrâneo, uma cidade que se ergueu sobre a ruína de um antigo império, cheia de promessas de inovação e progresso, estava mais deserto do que nunca. Ou pelo menos, parecia deserto. Os trilhos ainda ressoavam com o eco distante do trem, que, se alguém realmente olhasse para as luzes fracas da estação, aparecia como uma fantasmagoria do futuro.
Um homem de rosto pálido e olhar fixo, sabia que algo estava errado. Havia esperado por aquele trem por horas, mas sabia que não era apenas a espera que o consumia. Algo no ar, algo nas profundezas daquele túnel escuro, o chamava. A linha que se estendia à sua frente, como uma serpente de aço e eletricidade, parecia mais uma cicatriz, um corte que se expandia pela cidade, conectando o passado e o futuro de uma forma que ele mal compreendia.
O trem chegou sem aviso, com um som metálico que cortou o silêncio da noite. Mas não era um trem comum. A locomotiva, velha e imponente, era coberta por um material escuro e iridescente, como se tivesse sido forjada em algum lugar entre os mundos. As portas se abriram com um rangido, como se o próprio aço estivesse reclamando pela movimentação. Sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas uma força invisível o empurrou para dentro.
Dentro do trem, o ambiente era ainda mais estranho. As paredes eram feitas de um material translúcido, algo que lembrava vidro, mas que parecia absorver a luz. Os bancos eram em couro negro, e as janelas, embora cobertas pela névoa, refletiam imagens distorcidas, como se o próprio tempo tivesse sido fragmentado ali dentro. Não sabia para onde o trem estava indo, mas sabia que não havia mais como voltar atrás.
Ao se sentar, notou os outros passageiros. Não estavam de fato ali. Eram figuras translúcidas, espectros do futuro, almas de uma geração perdida. Seus olhos não tinham brilho, suas bocas não se moviam, e seus corpos flutuavam ligeiramente acima dos bancos, como se a gravidade fosse apenas uma sugestão. Alguns pareciam tão antigos quanto a própria cidade, enquanto outros eram jovens, com rostos que reconhecia, mas não sabia de onde. O mais estranho era que ele sentia uma conexão com cada um deles, como se estivesse entre os últimos ecos de uma civilização prestes a se apagar.
A voz do condutor, que nunca apareceu fisicamente, surgiu de algum lugar distante. Era um som metálico, distorcido, como se viesse de uma outra realidade. “Próxima estação: a última fronteira.”
Sentiu o frio que emanava da cabine, uma brisa fria que não se parecia com nenhuma brisa que já havia experimentado. O trem acelerou, mas o mundo ao redor não parecia se mover. As luzes da estação seguinte flutuavam à distância, mas estavam sempre além do alcance, como se o próprio espaço estivesse dobrando-se, retorcendo-se ao redor deles. Ele tentou focar, tentando entender onde estava, mas as imagens ao redor começaram a se distorcer ainda mais. O tempo se torcia como uma corda velha.
Foi então que ele a viu.
A mulher estava de pé, em silêncio absoluto, no final do corredor. Ela usava um vestido negro, que parecia absorver a pouca luz que restava, e seu rosto era envolto por uma máscara de ferro, com uma expressão triste e distante. Seus olhos eram dois buracos escuros, vazios de qualquer emoção. Ela olhou com uma intensidade quase palpável, e ele soube, sem que ninguém dissesse uma palavra, que ela era o futuro dele. O espelho de sua própria alma, ou talvez o espelho de todos os que haviam perdido a humanidade.
“Você vai para a última estação”, ela disse, sua voz como um eco distante, “mas não haverá mais retorno. O futuro não é mais o que você imaginava.”
Tentou falar, mas suas palavras morreram antes de alcançar seus lábios. Algo dentro dele, uma verdade escura e irreversível, já estava se revelando. O trem estava levando-o para o fim. Mas qual fim? O fim da cidade? O fim da linha? Ou o fim da própria existência, onde tudo que restaria seriam as sombras de um império caído, imerso na neblina de um tempo que não pode mais ser tocado?
“Você sabia”, ela continuou, “que a cidade já morreu há muito tempo? O que resta é apenas o reflexo das promessas de um futuro que não pode mais se concretizar.”
O trem diminuiu a velocidade, e ele viu, finalmente, a estação se aproximando. Não era uma estação como as outras. Não havia prédios, nem luzes. Era uma cratera no centro de um deserto metálico, onde nada existia, exceto a escuridão que engolia tudo ao redor.
E foi ali, na última estação do mundo, que entendeu. Não estava viajando para um novo destino. Estava voltando ao ponto de origem, ao momento em que o futuro deixou de existir. A noite, a cidade, o trem, tudo era apenas uma ilusão. Um reflexo do que já se foi. E agora, o fim seria uma eterna espera, enquanto as sombras continuavam a assombrar a cidade sem fim.
Desceu do trem sem que seus pés tocassem o chão. Não havia mais trilhos, nem plataformas, nem a sensação de movimento. O ar ao seu redor estava carregado de um silêncio absoluto, tão denso que ele podia sentir seu peso sobre os ombros. A estação não estava vazia. Havia algo ali, algo invisível que se movia entre as fissuras do tempo, como um ser primordial, em suspensão, aguardando a sua chegada.
O trem se foi, desaparecendo como uma miragem, ficou ali, sozinho, diante do vazio que se estendia diante dele. Não havia céu, apenas uma escuridão profunda e imensa que se confundia com o próprio horizonte. Nem estrelas, nem lua. Nada. A cidade, a linha, o trem — tudo parecia ser parte de um ciclo interminável, onde as coisas se repetiam, mas nunca de forma igual. Como uma rotação sem fim de um relógio quebrado, onde o tempo se dissolve e se reinventa a cada instante.
Foi então que ele sentiu uma presença. Uma sombra se formou ao seu lado, algo que emergia das próprias trevas, mas que possuía uma presença incomum, como se fosse mais substancial do que o próprio ar ao redor.
Ele virou-se lentamente, e ali estava ela novamente: a mulher de máscara de ferro. Ela não se movia, mas sua presença preenchia todo o espaço. Sua forma parecia se distorcer com o ambiente, como se ela fosse feita da própria substância da noite. O vestido negro agora se estendia, como se o tecido fosse feito da própria escuridão. Sua figura era tão imponente quanto um monumento em ruínas.
“Você chegou ao fim”, ela disse com a voz quebrada, mas ainda forte, como uma velha melodia em um instrumento desafinado. “Aqui, tudo o que você pensou ser real se desfaz. A cidade, o trem, o futuro — tudo isso era uma construção. Uma mentira feita para aprisionar você na ideia de que havia um caminho. Mas você sempre soube, não sabia? Sempre soube que não havia saída.”
Sentiu o peso daquelas palavras como uma maré gelada invadindo-lhe o peito. Ele não sabia o que responder. Não sabia se deveria acreditar nela, ou se estava simplesmente perdendo a sanidade. Mas algo dentro dele, talvez um impulso primal de sobrevivência, fez com que ele perguntasse:
“Para onde foi a cidade? Para onde foi tudo o que eu conhecia?”
A mulher fez um movimento quase imperceptível, como se fosse uma sombra se esticando. “A cidade morreu quando as últimas mentiras se desfizeram. Quando as promessas do futuro se revelaram para o que realmente são. O futuro é apenas uma projeção do medo, Você e todos os outros aqui eram os últimos vestígios de uma era que já não existe mais.”
Olhou em volta, tentando encontrar algo familiar, mas não havia nada. Não havia pessoas, não havia edifícios, apenas uma imensidão de ruínas imaculadas. O espaço ao seu redor era tão opressor que ele sentiu um nó na garganta, como se estivesse sendo engolido pela própria escuridão.
“E quanto a mim?” ele perguntou, sua voz agora rouca. “O que acontece comigo?”
A mulher não respondeu de imediato. Ela ficou ali, imóvel, mas os olhos sob a máscara pareciam lhe sondar, como se estivesse esperando que finalmente compreendesse a verdade. Então, como se tivesse esperado tempo demais, ela falou.
“Você vai caminhar para sempre. Como todos os outros. Você agora é parte do ciclo, o último fragmento de um sonho que nunca teve uma conclusão. O trem não era uma viagem para um destino, era uma viagem para o fim da esperança.”
Aquelas palavras não fizeram sentido de imediato, mas as sentiu como um peso crescente sobre seu peito. Pprocurou uma explicação lógica, um fio de racionalidade que pudesse dar alguma estrutura a esse abismo existencial, mas tudo que encontrou foi o vácuo. O silêncio. O nada.
Não queria aceitar. Não queria ser uma dessas sombras flutuantes, condenadas a uma existência sem propósito. Mas a verdade parecia imutável, como uma lei natural.
“Então, o que devo fazer?”, ele perguntou, a última centelha de resistência ainda tentando encontrar uma fuga.
A mulher deu um passo em direção a ele, e pela primeira vez, ele viu algo diferente por trás da máscara: uma tristeza infinita, algo que talvez fosse mais antigo que o próprio tempo. “Nada. Você não pode fazer nada. Você já fez. Chegou aqui e agora, apenas caminha. O trem se foi, a cidade desmoronou, o futuro se esvaiu. Agora, tudo o que resta é a caminhada interminável, até que o próprio tempo deixe de existir.”
Fechou os olhos por um instante. Quando os abriu novamente, a mulher estava longe, dissolvendo-se na neblina como um espectro que retorna à sua própria essência. E, sem saber por que, ele começou a caminhar.
Não havia mais direção. Não havia mais tempo. Ele apenas caminhava, sentindo o peso do vazio sobre os ombros. À medida que avançava, as sombras ao seu redor se moviam, distorcendo-se, mas nunca oferecendo qualquer resposta. Cada passo o levava mais fundo na escuridão, mais longe de tudo o que ele já conheceu.
E a cidade de Arcadia, agora apenas um eco de ruínas distantes, continuava a existir em alguma parte da memória coletiva do mundo. Mas ninguém mais a via. Ninguém mais a lembrava.
Seguiu, sem saber que não havia mais um “fim”. Era o último espectro, preso em um ciclo sem propósito, aguardando pela última estação do mundo – uma estação onde o futuro e o passado se confundem em um eterno e imutável presente.
Caminhava sem parar, seus passos ecoando no vazio. A escuridão à sua volta não era mais só física, mas também mental. Ele sentia o peso da solidão invadir seus ossos, e ao mesmo tempo, algo mais pesado ainda: a sensação de que não havia mais para onde ir. O movimento de seus pés parecia mecânico, como se a própria essência de seu ser tivesse sido drenada, e agora ele só fosse um reflexo daquilo que foi, uma sombra sem origem e sem destino.
Os fragmentos de memória, fragmentos de uma vida que ele talvez tenha vivido, começaram a se dissociar. Lembranças de rostos, lugares, sentimentos — tudo isso se desfez em uma poeira fina e invisível. Ele já não sabia quem era. Talvez, em algum lugar dentro dele, tivesse uma esperança de que algo, algum sinal, alguma explicação, surgisse. Mas não havia mais sinais. O futuro, antes uma linha tênue à frente, agora se desvanecera, tornando-se apenas uma neblina espessa que encobria tudo, até mesmo as coisas mais simples, as mais tangíveis.
A estação que ele aguardava nunca chegou. O trem que o conduziria a qualquer lugar já não estava mais em sua visão, nem sequer na sua memória. O conceito de “lugar” parecia ter se dissolvido em algo abstrato, inatingível.
E foi nesse momento, quando o desgaste de sua caminhada se fez insuportável, que ele parou. Não por escolha, mas porque seu corpo, exaurido, já não podia seguir mais. Ele caiu de joelhos, sua respiração cortada pela solidão de sua existência sem rumo. O ar ao redor estava mais denso, mais frio, como se tudo ali estivesse esperando o momento certo para se apagar.
Então, ao olhar para as sombras que o cercavam, ele percebeu: a mulher de máscara, a figura que o havia guiado até ali, estava à sua frente novamente. Desta vez, ela não estava distante. Ela estava próxima o suficiente para que pudesse ver a expressão triste em seu rosto não mais apenas sob a máscara, mas como uma sensação palpável de desolação.
Ela olhou para ele, e pela primeira vez, sentiu que talvez ela não fosse uma emissária do fim, mas uma de suas testemunhas. A mulher estendeu a mão, como se pedisse algo.
“Você está pronto para ver?”, ela perguntou, sua voz agora um sussurro suave, mas profundo, como se ecoasse nas paredes de sua mente.
Não sabia ao certo o que ela queria dizer com aquilo, mas sentiu que havia chegado o momento de entender. Ele hesitou, mas ao olhar para os olhos dela — ou para o vazio que se tornara seu olhar — ele sentiu uma espécie de libertação. Não era mais uma fuga ou uma tentativa de resistir. Era apenas a aceitação de que ele já não podia voltar.
Com um movimento lento e pesado, estendeu a mão em direção à dela. No instante em que seus dedos quase se tocaram, viu.
Não havia mais cidade. Não havia mais trem. Não havia mais distorção entre os mundos, nem entre o que é real e o que não é. Se viu sozinho, mas ao mesmo tempo, não estava mais isolado. A neblina que o rodeava se dissipou, e o espaço em torno dele se expandiu para um vazio imenso e sem fim. Mas ele sabia que agora fazia parte desse vazio, não como um ser perdido, mas como algo eterno.
A mulher sorriu, não de uma maneira alegre, mas como quem oferece uma última verdade, uma última visão. “Agora você vê”, disse ela. “Você nunca estava sozinho. Nunca esteve perdido. O fim não é uma linha reta. Ele é um círculo. Um ciclo. E no fim, é isso que resta: a eternidade do nada, onde tudo se dissolve e ao mesmo tempo, tudo se refaz.”
E quando ele olhou para a mulher, ela também desapareceu, dissolvendo-se no mesmo vazio que a rodeava, como se fosse parte da escuridão que antes o havia consumido. Mas a sensação de vazio, agora, não era mais opressiva. Era uma quietude. Uma paz.
Enfim, compreendeu. O trem nunca chegou à estação, porque ele já estava ali, dentro do próprio ciclo, onde a chegada e a partida se confundem em uma eterna caminhada. E ele, agora, caminhará para sempre. Não por escolha, mas porque não havia mais para onde ir. E talvez, na verdade, nunca tenha existido um fim.
Ele se levantou, e o silêncio o envolveu como uma capa confortável. Seguiu em frente, para onde quer que a estrada o levasse, sem mais perguntas. Porque, ao fim, ele sabia que não havia respostas — apenas a jornada eterna, o movimento sem propósito, a marcha das sombras, onde cada passo era uma tentativa de esquecer, e, ao mesmo tempo, de recordar.
E assim, no fim, o que restava era a travessia. A travessia de um espectro.
Renato Pittas
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