Olhos Noturnos
Na cidade, onde a escuridão nunca cedia totalmente e a bruma noturna dançava eternamente entre os edifícios, existia uma lenda antiga. Diziam que olhos silenciosos, olhos noturnos, buscavam incessantemente por amanheceres através das janelas empoeiradas e humedecidas pela neblina. Nessa cidade, o amanhecer era uma promessa distante, quase um mito.
- Vigília
Acreditava que havia algo escondido na escuridão, algo que a cidade tentava ocultar. Seus passos ecoavam nas ruas desertas, o som se perdendo na bruma espessa que parecia ter vida própria, envolvendo-a em um abraço frio e úmido. - O Encontro
Uma noite, enquanto observava a cidade de sua janela, percebeu algo diferente. No vidro, entre as gotas de condensação, um par de olhos brilhantes a encarava. Não era reflexo de luzes ou um truque da mente cansada. Eram olhos reais, olhos que pareciam sussurrar segredos esquecidos. Sem hesitar, ela seguiu aqueles olhos pela cidade, atravessando becos escuros e pontes cobertas de musgo. - O Mistério Revelado
Os olhos a levaram até uma antiga mansão abandonada na periferia. Lá, encontrou um diário escondido entre tábuas soltas do assoalho. As páginas amarelas contavam a história de um cientista, que acreditava que a realidade era uma construção frágil, facilmente manipulável. Ele conduzia experimentos para fundir o sonho com a realidade, na esperança de criar um mundo onde as pessoas pudessem viver em seus sonhos eternamente. - A Verdade Oculta
Ela descobriu que os olhos noturnos pertenciam aos sujeitos dos experimentos dele, almas que haviam sido aprisionadas em um limbo entre o sonho e a vigília. Eles buscavam amanheceres, mas estavam presos em uma eterna noite, incapazes de despertar ou sonhar plenamente. O cientista havia desaparecido, deixando para trás apenas fragmentos de suas pesquisas e as almas perdidas de seus experimentos. - A Escolha
Com o diário em mãos, enfrentou uma escolha. Poderia tentar concluir o trabalho dele e libertar as almas aprisionadas, arriscando sua própria sanidade, ou abandonar a mansão e viver com o conhecimento de que a cidade guardava segredos que jamais seriam desvendados. O amanhecer que tanto buscava não era apenas uma promessa de luz, mas um símbolo de esperança para aqueles olhos noturnos que a observavam silenciosamente.
Assim, a lenda continuava, agora parte dela, uma vigia dos mistérios sombrios e das almas aprisionadas que buscavam desesperadamente por um amanhecer que talvez nunca chegasse.
Renato Pittas
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