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Tô á Toa

Tô á Toa

1

Num belo dia, acordei decidido a fazer coisas inteligentes. O plano era simples: ler um livro filosófico, resolver um enigma matemático e talvez inventar uma fórmula revolucionária para o café perfeito. Mas, como todo bom plano, ele foi sabotado pelas pequenas tolices cotidianas.

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Primeiro, fui preparar o café. Comprei um moedor de grãos artesanal, daqueles que parecem peças de museu. Coloquei os grãos e comecei a girar a manivela. O som de “click, click, click” era tão hipnotizante que só depois de dez minutos percebi que estava girando ao contrário. Ao invés de moer o café, eu estava, basicamente, devolvendo os grãos ao seu estado natural, como se quisesse plantar uma nova árvore de café na minha cozinha.

Abandonei o moedor com a dignidade de quem já falhou cedo. Hora de algo mais nobre: leitura. Peguei um clássico da filosofia e me preparei para uma tarde de reflexão. Li a primeira frase três vezes e… nada. Será que era russo? Alemão? Depois de 20 minutos de pura tolice, descobri que o livro estava de ponta-cabeça. Voltei à primeira página, agora na posição correta, mas já estava exausto de tanto pensar sem sucesso.

“Ok”, pensei, “vamos resolver um enigma matemático”. Peguei um daqueles cubos mágicos de seis cores. A ideia era reorganizar as peças em seus devidos lugares, coisa simples, não? Virei o cubo, movi peças, ajeitei uma cor aqui, outra ali… e após uma hora, o que antes era um cubo caótico se tornou um… cubo mais caótico. Se antes parecia um quebra-cabeça, agora parecia uma arte abstrata de alguém que não entendia de cubos nem de cores.

No fim do dia, sentei-me no sofá, completamente derrotado pelas tolices do dia. Percebi que, talvez, a grande lição filosófica da vida esteja exatamente nelas. É nas pequenas trapalhadas, nas tentativas falhas e nas escolhas absurdas que encontramos o verdadeiro sabor da vida – como o café que moímos ao contrário.

E assim, entre um moedor que não mói, um livro que não se lê e um cubo que se recusa a ser resolvido, percebi: o reino das tolices é vasto e, para minha sorte, sou o rei.

2

Tô á Toa

Naquela manhã, quando despertei com uma ideia estranhamente nobre — ser inteligente, finalmente! —, o mundo ao meu redor parecia conspirar em tom de deboche. Mal sabia eu que aquele seria o dia em que as tolices cotidianas ganhariam vida própria.

Comecei pelo café, afinal, nada de bom acontece sem uma boa dose de cafeína. Peguei o moedor de grãos que, até então, era apenas um objeto decorativo, quase um artefato místico da cozinha. Coloquei os grãos e girei a manivela. “Click, click, click”. Só que dessa vez, não era só um som; o moedor começou a rir de mim. Sim, um riso leve, como se soubesse de algo que eu não sabia. E foi então que notei que, em vez de moer os grãos, ele estava cuspindo pequenos grãos que dançavam sobre a mesa, como se tivessem vida própria. Eu girava ao contrário, é claro, e os grãos, felizes por serem libertados de sua triste sina de virar pó, faziam piruetas e acrobacias no ar.

Desisti do café. Era uma luta injusta contra objetos que, aparentemente, tinham ganhado personalidade.

Decidi que a solução era mergulhar na filosofia, pois, quem sabe, um livro profundo traria a razão de volta ao meu dia. Escolhi um clássico e me joguei na leitura. Ao abrir o livro, uma voz ecoou de dentro das páginas. “Ah, não, você de novo? Vai tentar ler mesmo?” Olhei ao redor. Estava sozinho, certo? A voz continuou, sarcástica: “Você sempre começa e nunca termina, que tal desta vez ler até o fim, hein?”. Fechei o livro rapidamente. Aparentemente, os livros agora também tinham opinião sobre meus hábitos de leitura.

Com a serenidade de quem já aceita o absurdo, decidi encarar um enigma matemático, porque — por que não? Peguei um cubo mágico, sabendo que resolver aquilo poderia redimir o dia. Mas ao tocar no cubo, ele começou a se mexer sozinho, trocando as peças de lugar. “Espera aí, eu resolvo!” ele gritou, como se tivesse vida própria. “Não precisa me ajudar!” O cubo rodava freneticamente, misturando as cores de maneira cada vez mais complexa, até se transformar em um padrão incompreensível, que parecia rir de mim com suas cores distorcidas. “Sabe de uma coisa?”, o cubo disse por fim, “A vida não precisa fazer sentido. Aproveite o caos!”

Eu, claro, fiquei imóvel, encarando o cubo falante. Aquilo só podia ser um sonho — ou algum tipo de piada cósmica. Decidi, então, sair de casa para espairecer. Mas à medida que andava pela rua, comecei a notar que as pessoas também se comportavam de maneira estranha. Cada um carregava sua própria pequena tolice animada: um homem discutia com um chapéu flutuante que se recusava a ficar em sua cabeça; uma mulher brigava com uma bolsa que fugia toda vez que ela tentava alcançá-la.

Na esquina, um grupo de pessoas estava sentado, aparentemente meditando. Mas em vez de mantos e silêncio, estavam acompanhados de canecas de café que flutuavam em círculo sobre suas cabeças, zombando de cada tentativa deles de beber um gole.

Era oficial: o mundo havia se rendido às tolices, e eu era só mais um personagem nesse espetáculo absurdo. Ao final do dia, enquanto voltava para casa, comecei a pensar: talvez a magia da vida estivesse nas pequenas falhas, nas situações que fogem ao controle. Talvez o café nunca fosse moído corretamente, o livro nunca lido até o fim e o cubo mágico jamais resolvido — e tudo bem! O segredo não era a perfeição, mas sim o riso que brotava das situações mais imprevisíveis.

Quando finalmente deitei na cama, o travesseiro falou baixinho: “Nada mal para um dia de tolices, hein?”.

E assim, adormeci com a certeza de que, no reino das tolices mágicas, eu era um súdito privilegiado — ou talvez, o rei.

No dia seguinte, acordei com uma estranha sensação de que o mundo ainda estava ligeiramente deslocado. Mas dessa vez, em vez de lutar contra o caos, decidi abraçar o absurdo.

Enquanto me espreguiçava, ouvi um murmúrio vindo do espelho. “Hoje será interessante”, disse a minha própria reflexão, com um sorriso de canto que eu claramente não tinha feito. O espelho piscou para mim e desapareceu, deixando um reflexo vazio, como se o meu próprio reflexo tivesse saído para um passeio matinal sem me avisar.

Desci para a cozinha, onde os grãos de café, ainda espalhados pela bancada, haviam formado o que parecia ser uma complexa coreografia. “Adivinha o quê?”, eles disseram em uníssono. “Nós decidimos que hoje é dia de chá!”. E lá fui eu, rendido à sabedoria dos grãos, preparar um chá que, para minha surpresa, não falou comigo — o que, naquele ponto, já parecia uma vitória.

Resolvi então dar uma volta pela cidade. Ao colocar o pé para fora de casa, percebi que o céu estava… listrado. Sim, listras laranjas e roxas atravessavam o horizonte como se o céu tivesse sido pintado por algum artista maluco. As nuvens, com um ar de tédio, flutuavam de um lado para o outro, desenhando formas de objetos aleatórios: uma geladeira aqui, uma torradeira ali. Uma nuvem, em particular, se formou em um gigantesco coelho de duas cabeças que, assim que me viu, acenou alegremente.

Tô á Toa

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Num belo dia, acordei decidido a fazer coisas inteligentes. O plano era simples: ler um livro filosófico, resolver um enigma matemático e talvez inventar uma fórmula revolucionária para o café perfeito. Mas, como todo bom plano, ele foi sabotado pelas pequenas tolices cotidianas.

Primeiro, fui preparar o café. Comprei um moedor de grãos artesanal, daqueles que parecem peças de museu. Coloquei os grãos e comecei a girar a manivela. O som de “click, click, click” era tão hipnotizante que só depois de dez minutos percebi que estava girando ao contrário. Ao invés de moer o café, eu estava, basicamente, devolvendo os grãos ao seu estado natural, como se quisesse plantar uma nova árvore de café na minha cozinha.

Abandonei o moedor com a dignidade de quem já falhou cedo. Hora de algo mais nobre: leitura. Peguei um clássico da filosofia e me preparei para uma tarde de reflexão. Li a primeira frase três vezes e… nada. Será que era russo? Alemão? Depois de 20 minutos de pura tolice, descobri que o livro estava de ponta-cabeça. Voltei à primeira página, agora na posição correta, mas já estava exausto de tanto pensar sem sucesso.

“Ok”, pensei, “vamos resolver um enigma matemático”. Peguei um daqueles cubos mágicos de seis cores. A ideia era reorganizar as peças em seus devidos lugares, coisa simples, não? Virei o cubo, movi peças, ajeitei uma cor aqui, outra ali… e após uma hora, o que antes era um cubo caótico se tornou um… cubo mais caótico. Se antes parecia um quebra-cabeça, agora parecia uma arte abstrata de alguém que não entendia de cubos nem de cores.

No fim do dia, sentei-me no sofá, completamente derrotado pelas tolices do dia. Percebi que, talvez, a grande lição filosófica da vida esteja exatamente nelas. É nas pequenas trapalhadas, nas tentativas falhas e nas escolhas absurdas que encontramos o verdadeiro sabor da vida – como o café que moímos ao contrário.

E assim, entre um moedor que não mói, um livro que não se lê e um cubo que se recusa a ser resolvido, percebi: o reino das tolices é vasto e, para minha sorte, sou o rei.

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Tô á Toa

Naquela manhã, quando despertei com uma ideia estranhamente nobre — ser inteligente, finalmente! —, o mundo ao meu redor parecia conspirar em tom de deboche. Mal sabia eu que aquele seria o dia em que as tolices cotidianas ganhariam vida própria.

Comecei pelo café, afinal, nada de bom acontece sem uma boa dose de cafeína. Peguei o moedor de grãos que, até então, era apenas um objeto decorativo, quase um artefato místico da cozinha. Coloquei os grãos e girei a manivela. “Click, click, click”. Só que dessa vez, não era só um som; o moedor começou a rir de mim. Sim, um riso leve, como se soubesse de algo que eu não sabia. E foi então que notei que, em vez de moer os grãos, ele estava cuspindo pequenos grãos que dançavam sobre a mesa, como se tivessem vida própria. Eu girava ao contrário, é claro, e os grãos, felizes por serem libertados de sua triste sina de virar pó, faziam piruetas e acrobacias no ar.

Desisti do café. Era uma luta injusta contra objetos que, aparentemente, tinham ganhado personalidade.

Decidi que a solução era mergulhar na filosofia, pois, quem sabe, um livro profundo traria a razão de volta ao meu dia. Escolhi um clássico e me joguei na leitura. Ao abrir o livro, uma voz ecoou de dentro das páginas. “Ah, não, você de novo? Vai tentar ler mesmo?” Olhei ao redor. Estava sozinho, certo? A voz continuou, sarcástica: “Você sempre começa e nunca termina, que tal desta vez ler até o fim, hein?”. Fechei o livro rapidamente. Aparentemente, os livros agora também tinham opinião sobre meus hábitos de leitura.

Com a serenidade de quem já aceita o absurdo, decidi encarar um enigma matemático, porque — por que não? Peguei um cubo mágico, sabendo que resolver aquilo poderia redimir o dia. Mas ao tocar no cubo, ele começou a se mexer sozinho, trocando as peças de lugar. “Espera aí, eu resolvo!” ele gritou, como se tivesse vida própria. “Não precisa me ajudar!” O cubo rodava freneticamente, misturando as cores de maneira cada vez mais complexa, até se transformar em um padrão incompreensível, que parecia rir de mim com suas cores distorcidas. “Sabe de uma coisa?”, o cubo disse por fim, “A vida não precisa fazer sentido. Aproveite o caos!”

Eu, claro, fiquei imóvel, encarando o cubo falante. Aquilo só podia ser um sonho — ou algum tipo de piada cósmica. Decidi, então, sair de casa para espairecer. Mas à medida que andava pela rua, comecei a notar que as pessoas também se comportavam de maneira estranha. Cada um carregava sua própria pequena tolice animada: um homem discutia com um chapéu flutuante que se recusava a ficar em sua cabeça; uma mulher brigava com uma bolsa que fugia toda vez que ela tentava alcançá-la.

Na esquina, um grupo de pessoas estava sentado, aparentemente meditando. Mas em vez de mantos e silêncio, estavam acompanhados de canecas de café que flutuavam em círculo sobre suas cabeças, zombando de cada tentativa deles de beber um gole.

Era oficial: o mundo havia se rendido às tolices, e eu era só mais um personagem nesse espetáculo absurdo. Ao final do dia, enquanto voltava para casa, comecei a pensar: talvez a magia da vida estivesse nas pequenas falhas, nas situações que fogem ao controle. Talvez o café nunca fosse moído corretamente, o livro nunca lido até o fim e o cubo mágico jamais resolvido — e tudo bem! O segredo não era a perfeição, mas sim o riso que brotava das situações mais imprevisíveis.

Quando finalmente deitei na cama, o travesseiro falou baixinho: “Nada mal para um dia de tolices, hein?”.

E assim, adormeci com a certeza de que, no reino das tolices mágicas, eu era um súdito privilegiado — ou talvez, o rei.

No dia seguinte, acordei com uma estranha sensação de que o mundo ainda estava ligeiramente deslocado. Mas dessa vez, em vez de lutar contra o caos, decidi abraçar o absurdo.

Enquanto me espreguiçava, ouvi um murmúrio vindo do espelho. “Hoje será interessante”, disse a minha própria reflexão, com um sorriso de canto que eu claramente não tinha feito. O espelho piscou para mim e desapareceu, deixando um reflexo vazio, como se o meu próprio reflexo tivesse saído para um passeio matinal sem me avisar.

Desci para a cozinha, onde os grãos de café, ainda espalhados pela bancada, haviam formado o que parecia ser uma complexa coreografia. “Adivinha o quê?”, eles disseram em uníssono. “Nós decidimos que hoje é dia de chá!”. E lá fui eu, rendido à sabedoria dos grãos, preparar um chá que, para minha surpresa, não falou comigo — o que, naquele ponto, já parecia uma vitória.

Resolvi então dar uma volta pela cidade. Ao colocar o pé para fora de casa, percebi que o céu estava… listrado. Sim, listras laranjas e roxas atravessavam o horizonte como se o céu tivesse sido pintado por algum artista maluco. As nuvens, com um ar de tédio, flutuavam de um lado para o outro, desenhando formas de objetos aleatórios: uma geladeira aqui, uma torradeira ali. Uma nuvem, em particular, se formou em um gigantesco coelho de duas cabeças que, assim que me viu, acenou alegremente.

Segui meu caminho pelas ruas da cidade, onde o dia parecia ter acordado ainda mais delirante do que o anterior. Na praça central, um homem tentava controlar seu cachorro, mas o detalhe curioso era que o cachorro, um basset corpulento, estava sentado lendo um jornal enquanto o dono, desesperado, corria ao redor da coleira tentando acompanhá-lo. “Fique quieto, Otto! Você está na página errada!” o homem gritava, enquanto Otto calmamente virava as páginas com a pata, imune ao pânico do dono.

Sentei em um banco, apenas para descobrir que o banco também tinha algo a dizer. “Sabe”, ele começou, “você não está sentado direito. Se você ajustar um pouco mais para a esquerda, eu ficaria mais confortável.” Eu obedeci sem questionar. Afinal, por que não agradar um banco falante?

Foi então que a cidade inteira parou por um instante. Uma coruja gigante, de pelo menos dois metros de altura, pousou em uma árvore próxima, com seus olhos enormes focados em mim. “Você é o escolhido”, ela disse em um tom profundo e ecoante. Eu, já acostumado ao surreal, dei de ombros. “O escolhido para quê, exatamente?”

A coruja suspirou. “Não sei. Eu só digo isso quando quero parecer importante.” E com isso, ela saiu voando, deixando-me rindo sozinho no meio da praça.

Quando voltei para casa, meu reflexo já havia retornado ao espelho, parecendo ligeiramente mais confuso do que quando saiu. “E aí, como foi o dia?”, ele perguntou com um ar casual. Respondi que o dia foi, no mínimo, uma obra de arte imprevisível. “Bom, amanhã pode ser diferente”, disse ele com um tom otimista, embora eu duvidasse.

Adormeci novamente, sorrindo com a certeza de que, no Reino das Tolices Mágicas, o extraordinário era o novo normal. E, sinceramente, não poderia estar mais contente em viver no meio de tanto absurdo. Afinal, quem precisa de lógica quando se tem um reflexo com senso de humor e um banco que exige conforto?

Nos dias que seguiram, o Reino das Tolices Mágicas continuou a se revelar de maneiras cada vez mais surpreendentes. As árvores começaram a conversar entre si sobre o clima — “umidade ideal para crescer mais uns galhos”, ouvi uma delas comentar —, enquanto os postes de luz decidiram que piscariam em padrões de morse, mandando mensagens secretas para quem quisesse decifrar.

Mas o mais engraçado de tudo era que, ao invés de me incomodar, o caos começava a parecer… normal. A verdade é que todos nós — os habitantes, os objetos e até os animais —, estávamos nos adaptando àquela nova lógica absurda, e a vida tinha se tornado, de uma forma estranha, incrivelmente leve.

Na praça onde o cachorro Otto continuava lendo seus jornais, agora havia um clube de leitura para pets. Cães, gatos, e até papagaios discutiam com entusiasmo sobre literatura, enquanto seus donos sorriam de orelha a orelha, aceitando que os bichos eram, no fundo, mais sábios do que aparentavam.

As tolices, antes pequenas e irritantes, passaram a ser vistas como parte essencial da vida. O moedor de café continuava a cuspir grãos, mas agora eles dançavam ao som de música clássica, animando minhas manhãs. O cubo mágico ainda tentava se resolver sozinho, mas sempre acabava formando padrões inesperadamente bonitos. E o espelho? Bem, ele passou a contar piadas enquanto eu escovava os dentes, o que tornava minhas manhãs muito mais divertidas.

Até a coruja gigante, que me nomeou “o escolhido”, voltou certa noite. “Descobri minha verdadeira missão”, disse ela, pousando na minha janela. “Fazer com que todos apreciem o valor das pequenas tolices da vida.” E, honestamente, eu não podia discordar. Já não havia mais uma separação clara entre o útil e o inútil, o sensato e o absurdo. Tudo fazia parte de um grande jogo onde o objetivo principal era se divertir e aprender com os próprios tropeços.

Com o tempo, as pessoas começaram a relaxar, aceitando que o mundo era cheio de reviravoltas imprevisíveis e objetos que gostavam de falar. Nas ruas, risos ecoavam de todos os lados. A cidade inteira parecia ter feito as pazes com o inesperado. As tolices, uma vez vistas como empecilhos, tornaram-se momentos de alegria e descontração.

E assim, no Reino das Tolices Mágicas, todos foram felizes. Os humanos, os animais, e até os objetos encantados. Porque, no fim das contas, todos nós descobrimos que ser um pouco tolo era o segredo para a felicidade. E, claro, ninguém mais brigava com chapéus flutuantes ou moedores de café indisciplinados. Todos estavam muito ocupados aproveitando as pequenas maravilhas absurdas da vida, e, de alguma forma, aquilo fazia mais sentido do que qualquer filosofia complicada.

E lá fui eu, rindo de tudo isso, enquanto o céu listrado acenava com suas nuvens em forma de torradeiras.

Renato Pittas   

Contato:[email protected]

https://sara-evil.blogspot.com

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