Batendo com a língua nos Dentes

Era uma vez, numa floresta, um jovem papagaio. Tinha penas de um verde brilhante e um bico afiado, mas o que realmente o destacava era sua habilidade extraordinária de falar. Aprendia rápido e tinha uma memória impecável, sendo capaz de repetir qualquer coisa que ouvisse apenas uma vez.
Vivia feliz em uma grande árvore, rodeado por amigos animais que adoravam suas histórias e piadas. No entanto, havia um problema: tinha um hábito terrível de dizer coisas que não deveria. Ele adorava repetir segredos que ouvia, sem considerar as consequências de suas palavras.

Um dia, enquanto voava pela floresta, pousou em um galho perto da casa de uma Coruja, a conselheira sábia da floresta. Ouviu ela conversando com a Raposa sobre um tesouro escondido que deveria ser mantido em segredo, pois se caísse em mãos erradas, poderia causar muito mal. Sem pensar duas vezes, decorou cada palavra.

Mais tarde naquele dia, enquanto estava no lago com seus amigos, não conseguiu conter sua empolgação e começou a contar sobre o tesouro escondido. Todos os animais ficaram maravilhados e curiosos, mas ninguém mais do que o Gato, um astuto caçador sempre em busca de riquezas.

Quando a Coruja soube que o papagaio havia contado sobre o tesouro, ficou muito preocupada. Sabia que o Gato poderia usar essa informação para se beneficiar, prejudicando o equilíbrio da floresta. Ela chamou o papagaio e disse:

— Meu querido, suas palavras são poderosas, mas você precisa aprender a usá-las com sabedoria. Suas palavras podem trazer alegria e conhecimento, mas também podem causar grande dano.

Ficou muito envergonhado e prometeu ser mais cuidadoso no futuro. No entanto, o dano já estava feito. O Gato partiu em busca do tesouro, e a floresta inteira estava em alvoroço.
A Coruja, sendo muito sábia, encontrou uma solução. Ela reuniu todos os animais e explicou que a floresta era rica em algo muito mais valioso do que ouro e joias: a harmonia e a amizade. Ela propôs que todos se unissem para criar um ambiente onde ninguém precisasse esconder segredos por medo de que fossem mal usados.

Todos concordaram e, juntos, começaram a trabalhar para tornar a floresta um lugar de confiança e cooperação. O papagaio, com a ajuda da Coruja, aprendeu a pensar antes de falar e a usar sua habilidade de falar para unir os animais e espalhar sabedoria.
Com o tempo, a floresta se tornou ainda mais forte e unida. O papagaio se tornou um símbolo de redenção e crescimento, e todos os animais aprenderam a importância de dizer as coisas certas no momento certo.

A floresta encantada prosperou, cheia de confiança e amizade, onde todos aprenderam que palavras têm poder e devem ser usadas com responsabilidade.

O papagaio se tornou um exemplo para todos os animais, não apenas por sua habilidade de falar, mas por sua capacidade de aprender com seus erros e crescer. Continuou a entreter seus amigos com histórias e piadas, mas agora sempre pensava duas vezes antes de falar algo que pudesse machucar alguém ou causar problemas.

A Coruja ficou orgulhosa de ver como a floresta havia se transformado. A harmonia reinava, e o tesouro nunca foi encontrado pelo Gato, que, ao perceber a união e a força dos outros animais, decidiu mudar seu comportamento e se tornou um membro respeitado da comunidade.
Os animais continuaram a compartilhar conhecimentos, ajudando uns aos outros e garantindo que a floresta permanecesse um lugar mágico e seguro para todos. A lição do papagaio sobre a importância das palavras foi passada de geração em geração, ensinando a todos que falar com sabedoria e compaixão é fundamental para a convivência pacífica.

A floresta encantada viveu feliz para sempre, com todos os seus habitantes respeitando e cuidando uns dos outros, conscientes do poder de suas palavras e ações.

FIM.

Renato Pittas:

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